29 junho 2008

Assim se marchou

Na escola dos meus filhos.
O S. Pedro, como não podia deixar de ser, presenteou-nos com uma ventania que crescia com o passar das horas...

Os primeiros a marchar foram os bebés, que iniciam sempre qualquer festa. Juntámos os da sala do ano com os dos dois anos. Aqui, a Mafalda e a mãe babada...


Outros mais crescidinhos, já autónomos.

O Vasco aqui, a desempenhar o papel de cavalheiro, na marcha dos finalistas da pré-primária.

Por fim, os meninos do primeiro ciclo.
Foi, como sempre, uma linda festa.
Seguiu-se o jantar, com tudo o que constitui uma ementa de confraternização típica das festas dos santos populares.
Boa comida, boa disposição, boa companhia e muitos meninos alegres.
A animação conseguiu ser mais forte que o vento.
E para o ano há mais!





25 junho 2008

"A Casa do Mundo" nas livrarias a 27 de Junho



Sai, na próxima Sexta, mais um livro do "Andarilho".
Tal como as Viagens Sentimentais, não é uma obra para quem embarca em excursões.
Se gostam do imprevisível, da magia de uma terra desconhecida, então, sigam o Tiago e...
... boa viagem!

Deixo-vos a apresentação que a própria editora faz do livro:

Tiago Salazar
A Casa do Mundo
Sociedade

Olhares de um admirável mundo velho
Chamar hoje Velho Continente à Europa é um anacronismo. As transformações verificadas nos últimos anos originaram um admirável mundo novo, com mil encantos ainda por descobrir.
Da luxuosa Riviera Basca à nova-rica Moscovo da era pós-soviética, dos históricos portos mediterrânicos da Côte d’Azur às montanhas búlgaras ou às capitais do Báltico, o viajante contemporâneo depara-se com a elegância e o charme de lugares históricos, mas descobre também novas tendências e novos mundos, onde palavras como hip, trendy ou cool são termos que caucionam a modernidade.
A Casa do Mundo é um livro de apaixonadas narrativas de viagens de um escritor e repórter pasmado com o que o admirável mundo velho tem de novo


“Neste livro, o Tiago Salazar mostra de que matéria é feito o seu sonho de viajante. Um homem sozinho na Casa do Mundo, sem nenhuma outra profissão de fé que não a de conhecer o mundo e nele se sentir em casa.”

Miguel Sousa Tavares in Prefácio

Tiago Salazar nasceu em 1972. Eterno finalista de Relações Internacionais, debutou no Semanário como jornalista, em 1991. Escreveu sobre artes plásticas, livros, cinema, pessoas célebres (e menos célebres), política, economia, sociedade, desporto e obituários. Mantém-se no activo como promitente escritor e andarilho profissional, ofício a que ninguém reconhece seriedade.
No Paleolítico Superior publicou contos no «DN Jovem» e no «DNa», do Diário de Notícias, no Expresso e na revista Ficções. Fez guiões para televisão, foi assessor do gabinete de imprensa do Instituto Camões e co-comissário de um salão internacional de artes plásticas. Colaborou ainda (orgulhosamente) com o Jornal de Monchique, onde assinou a coluna «Pirilampo Trágico», fez parte da equipa fundadora da revista Blue Travel e assinou a rubrica «Escapadas» do jornal Correio da Manhã. Tem ainda colaboração eclética e dispersa por outras revistas e jornais, da elegante defunta Grande Reportagem ao eterno Borda d'Água.
Em 2007 publicou Viagens Sentimentais.

Para mais informações:

23 junho 2008

Noite de S. João


(foto retirada do site "Olhares")

Mais uma vez, chega a noite de S. João e eu estou no local errado, na hora errada.
Lamento não estar na minha cidade do coração, acompanhada dos que me acompanhavam há anos, quando a mística se repetia sem mácula, plena de boa-disposição.
Era a noite mais longa do ano, só a folia e o alho-porro ou o martelinho é que eram certos. Tudo o resto, alegre improviso.

Lembro-me muitas vezes de um episódio que deixarei aqui, hoje, para assinalar a data.
Jantámos cedo, em casa dos meus tios. Eu e os meus pais, os meus tios e os meus quatro primos.
A seguir, rumámos à baixa da "Inbicta", foliões eufóricos.
Caminhámos um bocado -não muito, pois eu e o meu primo mais novo éramos ainda pequenos- até assentarmos arraiais na Avenida dos Aliados, para assistirmos ao espectáculo de fogo-de-artifício.
Nós, os miúdos, embora gostássemos de ver o ceu colorido, encolhíamo-nos perante o ribombar barulhento. Era um misto de assombro e receio.
A dada altura, a minha tia achou que o calor justificava a compra de gelados. Deu com uma senhora que os vendia, por entre a multidão, e lá lhe pediu, por meio de palavras e mímica, um gelado para cada um de nós.
O grupo era grande. A vendedora achou por bem passar-lhe os gelados, no meio daquele turbilhão de gente, dentro de uma caixa, daquelas de cartão, em que a própria marca fabricante os fornecia aos postos de venda.
Está a minha tia de braço esticado, tentando recolher a caixa por cima de um mar de braços e gente, quando uma senhora, sem ensaiar nem hesitar, estica o dela para dentro da caixa e, entre a pergunta "estão a dar? estão a dar?" e a falta de espera pela resposta, já se ia servindo...

20 junho 2008

As mãos

(desenho do meu filho)


NÓDOA

Nunca vi mãos
Como as tuas mãos
Desafiam poderes
E acrescentamentos.
São troncos de árvores
Milagrosos.
Desafiam o tempo, o gasto, o fim.
Estão prontas para apertar
Com força.
São dedos que acumulam
Séculos de sangue e nódoa.
(Poema de Raúl de Carvalho).

17 junho 2008

Marchas populares


Aqui para as minhas bandas, o santo que se comemora é o S. Pedro.
E a escola dos meus filhos assinala todos os anos as marchas populares, com um desfile onde todos participam, desde os bebés mais pequenos, que vão ao colo dos pais ou outros familiares, aos meninos mais crescidos.
O S. Pedro, normalmente, por esta época do ano, brinda-nos sempre com um fim de tarde ventoso, mas o espectáculo faz-se.
E é ver ritmos alegres aliados à sensibilização ambiental, mensagens de amizade tropeçadas numa coreografia que à última hora se esquece, bebés que não gostam de ter de ficar tanto tempo ao colo, salas inteiras que funcionam na perfeição, enquanto outros alunos se perdem nos ziguezagues tantas vezes ensaiados.
Faz tudo parte da festa e, como em todas as ocasiões, a escola realiza aquilo que me fez apreciá-la desde a visita em que fui, pela primeira vez, conhecê-la: não se limitando a exibir o estatuto de eco-escola, ela promove o ensino da preservação do ambiente e envolve os encarregados de educação nas iniciativas escolares dos miúdos.
Assim, hoje, ao fim da tarde, lá voltarei eu à escola.
Atenção: eu digo "voltarei à escola", não "vou à escola", porque ir, vou diariamente. Não é isso.
Refiro-me mesmo a voltar à escola. Estar no ginásio, a ouvir as orientações de quem coordena os ensaios e treinar, uma vez mais, a coreografia que irei executar em conjunto com outros familiares de bebés da sala da minha filha.
Não sei se haverá muitas escolas que o façam. Alguém saberá dizer-me?


15 junho 2008

A propósito dos 120 anos de Fernando Pessoa

(foto minha)

"Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também".



Bernardo Soares, "Livro do Desassossego"

13 junho 2008

Quem conhece?

Hoje, deixo um desafio a todos os que por aqui passam.
E não é mais um desafio dos que tradicionalmente se vêem na blogosfera, mas uma questão que gostaria de deixar no ar e que é:

Quem me saberá esclarecer acerca deste bichinho?

Vimo-lo no reptilário do zoo de Lisboa ficámos intrigados.
Infelizmente, a distracção vem sob todos os pretextos quando estamos com as nossas "feras", sempre irrequietas e a exigirem a nossa atenção, pelo que não me lembrei de ver a identificação.
Uma amiga disse-me que se trata duma salamandra aquática duma espécie ancestral, que apenas deve viver dentro de água, uma vez que tem as brânquias (guelras) desprotegidas, expostas.
Se alguém souber identificar, agradeço que me elucide.

11 junho 2008

A imaginação

"Onde deixámos a imaginação?"- questionei-me, há dias.
O mote para esta reflexão foram as dobragens que retrato na fotografia acima.
O quantos-queres da nossa infância é um convite que o Vasco recebeu para uma festa de aniversário; já os tubarões foram oferecidos aos meus filhos quando, no Dia dos Museus, saboreávamos o que o Museu do Mar oferece à vista dos visitantes.

Será só nos trabalhos manuais que a nossa imaginação perdeu agilidade?
Nah! Parece-me que em tudo...
Por mim falo: tanta coisa que podemos criar, mas, ocupados no mais trivial dia-a-dia, deixamo-nos enredar pelos mesmos gestos, os mesmos programas, as mesmas comidas, a rotina dos lugares de sempre.

Nada como um detalhe para nos trazer à cosnciência o que não se evidenciava.
Assim, já fiquei a matutar numas ideias para pôr em prática. começo por umas molduras em cartolina e depois ninguém me pára.
Já a minha mãe está cheia de vontade de levar o Vasco às suas aulas de artes decorativas.
Vamos ser uma família de artistas!...

08 junho 2008

Esta tarde...

(foto do nosso arquivo familiar)
... vamos descontrair e recarregar baterias.
Na praia, claro, que o Sol convida.

06 junho 2008

Feira do Livro de Lisboa


Ir à Feira do Livro sem poder de compra é masoquismo.
Ou amizade.
O Tiago, de que já "falei" neste blogue (ver etiquetas "Amigos Escritores" na barra lateral) estar na Feira do Livro de Lisboa na Terça, dia 10, ao final da tarde.
Desafiou-me a ir lá. Desafio difícil de aceitar, pois é como ir a uma feira de viagens sem intenção de viajar. Mas não dava para recusar. Os amigos marcam presença nos bons e nos maus momentos. E este é um bom momento.
Assim, lá estaremos. Por amizade, pois masoquistas não somos...
E, como está para breve o lançamento da sua nova obra andarilha, prometo dar notícias sobre tal acontecimento num dos próximos posts.
Será, certamente, mais uma leitura imperdível para quem gosta de conciliar o prazer de ler ao de conhecer outras paragens e culturas. Um estilo muito próprio, a proporcionar momentos de verdadeiro deleite literário. Garanto!

03 junho 2008

O Sonho de voar

Hoje, deixo-vos um texto do tempo em que colaborava nos desafios do DN Jovem.
Um artigo com cheiro a mofo, já que data de uma altura em que eu teria mais ou menos metade da idade que tenho.

Corria o ano do Senhor de 1709.
Num dia aparenteente igual a tantos outros -mas só aparentemente- na velha Lisboa joanina, eis que surge, "caído do céu", um engenho peculiar.
Quem primeiro repearou em tal cenário foi um velhote, maltratado pelos muitos anos vividos nesta terra, de parcos recursos mas que, assegurava a populaça, era um filósofo, no sentido não escolástico do termo.

- Ai Jesus, Nossa Senhora, que pássaro vem chegando?
E, com uma apoplexia que se diria queirosiana, não fosse o desfasamento temporal, o seu já fraco corpo estremeceu, tombando imediatamente.
Atraídas pelas suas palavras e divididas entre o auxílio de que o ancião necessitava e o êxtase causado pela contemplação de semelhante criatura ("De Deus ou do Diabo?"- questionavam-se), as pessoas foram-se aproximando do filósofo popular estendido no chão.

Lá em cima, num quase voo piltado por ele próprio, Bartolomeu de Gusmão, um jovem jesuíta, com maior queda (salve seja, pois o voo augurava ser bem sucedido) para a física e a mecânica, dividia os seus pensamentos entre estas e a sua educação religiosa.
"Meu Deus, perdoai-me se estou a desafiar as leis divinas".
Simultaneamente, meditava: "Se Ele nos proporcionou um dia tão claro, tão isento de núvens, não estará, certamente, a condenar o meu invento".

Mas a dúvida permaneceu no seu íntimo, aumentando a cada ligeiro solavanco da Passarola.
"Não. Como poderíamos desfaiar as Suas leis se Ele nos criou sem limites para a nossa capacidade inventiva? Se no-la deu é porque nos permite explorá-la.
Olha, a Sé ali à esquerda! Espero que não seja sacrilégio elevar-me aima dela. Talvez não. Nosso Senhor tem meios para nos repreender. Ter-me-ía segredado o seu descontentamento ou enviado uma trovoada, através de S. Pedro. E esta máquina de voar nada poderia contra uma trovoada..."

Mas, não manifestando a sua ira, Deus mostar-se mais compreensivo que os Inquisidores. esses humanos desumanos tudo farão para impedir que o sucesso desta experiênciaseja divulgado.
Com a bênção divina, a máquina de andar pelo arprossegue viagem, sã e salva, até ao Terreiro do Paço. Aí, entre olhares pasmados e exclamações de "Vem alguém lá dentro!", Bartolomeu prepara-se para "baixar à terra".
- Deus Nosso Senhor me proteja e auxilie...

Quanto mais a Passarola baixava, mais o povo se afastava, reticente.
Dez
Nove
Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois
Um
Chão!

A máquina de voar tocara o solo com uma leveza angelical. A Inquisiação maldizia o jovem sacerdote, à medida que se preparava para lhe deitar as garras.
Mas teve que continuar aguardando tal momento, dado que El-Rei D. João V acabara de surgir junto da multidão dividida entre aqueles que batiam as palmas e os que faziam o sinal da cruz.
D. João V congratulou Bartolomeu e nem os todo-poderosos Inquisidores, que mandavam para a fogueira milhares de pessoas por dá-cá-aquela-palha, lograram abafar o estrondoso primeiro sucesso da aviação, protagonizado pelo português Bartolomeu de Gusmão e retratado em inúmeros livros, uma ópera, um painel no aeroporto da cidade onde a experiência teve lugar...

01 junho 2008

Dia da minha (2ª) criança

Foi, desde o início, uma aventura inigualável.
Ainda nos primeiros dias de gestação, gozou a diversão de participar numa prova de canoagem, a minha estreia e (infelizmente) até agora, única prestação, na modalidade.

Os indícios de gravidez foram confirmados pelo teste, de resultado positivo. Mas, de bebé, nem sinal... As ecografias deixava-nos suspensos, numa espera frustrada e ainda sob o fantasma de uma recente gravidez mal-sucedida.

Mas o coraçãozinho que tardava em mostrar-se acabou por se revelar.
Cheio de vida e cheio de ritmo.

A gravidez foi de risco desde o teste positivo até ao parto.
Dois descolamentos de placenta nas primeiras semanas não permitiam que o obstetra nos tranquilizasse. Fui obrigada a repousar o mais possível durante algumas semanas.
Aos quatro meses e meio, factos que vieram perturbar a minha vida pessoal e profissional conduziram a nova baixa. As contracções -que com o Vasco haviam começado semanas antes do termo da gravidez- faziam-se sentir constantemente, por vezes de forma dolorosa.

Muitas preocupações significavam adrenalina extra para a bebé.
Na fase final da gestação, o luto pelo meu pai trouxe maior receio por um parto prematuro.

Mas nada disto se reflecte na criança mais "eléctrica" que conhecemos (não somos só nós a dizê-lo). A Mafalda foi uma vencedora que se recusou a nascer até às 39 semanas. E, quando chegou a hora de nos querer conhecer, tínhamos tudo planeado para o acompanhamento pelo médico da nossa confiança e ela colaborou na realização dos nossos planos.
Bem, até certo ponto... É que a dada altura deu mostras da sua ânsia e não esperou que a enfermeira voltasse com o obstetra, que queria estar presente na sua chegada ao mundo.

Nasceu num ápice, como que a reiterar a minha convicção de que tão difícil como o primeiro parto, este não haveria de ser.
Nasceu e encantou-nos total e imediatamente. No meio das convulsões de frio, chorei de alegria as lágrimas que não conseguira chorar pelo Vasco, extenuada demais.

Chorei pela culpa de não ter podido saborear tanto a sua gestação como a do irmaõ.
Chorei pelo meu pai.
Chorei pela beleza da bebé e pela atenção daqueles olhinhos recém-nascidos.
Chorei pela alegria imensa que é concretizar o sonho de uma vida: ser mãe. Em duplicado.

A minha filha é alegre, extrovertida, mandona, destemida, adora música e miminhos. Luta diariamente contra o sono, que considera inimigo da brincadeira, e recusa-se a falar melhor porque se faz entender de outras formas; é muito expressiva.
É dona dum cabelo louro e duns olhos azuis que nos fizeram andar a indagar a origem dos nossos genes. Sabemos que não foi trocada, pois limparam-na e "rotularam-na" com a pulseira sempre na mesma sala, a de partos.

Hoje, completa dois anos. Dois anos e eu ainda olho para ela a pensar "que obra tão perfeita!".

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin