30 agosto 2010


Não preciso de te dizer.
Partilhamos uma linguagem secreta
De olhares e gestos, suspensos, à espera
Do vento que nos leve em nova incursão
Onde eu e tu seremos maré

Não preciso de te ter.
Sinto-te de uma forma tão completa
No tempo infinito de uma outra era
Onde tivemos como missão
Descobrir tudo o que o amor é.

27 agosto 2010

O meu filho exercita a memória no que toca ao Inglês, contando:

"one
two
three
four
five
six
seven
eight
nine
ten
eleven
twelve..."

 e é subitamente interrompido pela irmã mais nova, que exclama:
"eu não sei falar essa cor!..."

24 agosto 2010

Tempo que passas, eco dos dias

Na sombra das noites vazias de luar

Faz com que as horas não passem vazias

De quem eu tanto quero abraçar

Deixa que se faça o trilho completo

De quem ainda agora esboçou o projecto

Porque a noite é longa e está tanto frio

E eu sinto nos ossos o eterno orvalho

Deixa que nos seus braços morra o arrepio

E o meu corpo ali tenha o seu agasalho

21 agosto 2010

Mais um ano da minha vida

Tempo de balanço.

Mas eu sou de letras, como diz a canção…

Sou de escrever, de inventar. Mas também de descobrir.

De sentir. Cada vez mais intensamente.

E este ano senti mais.



Tempo de sentir.

Manhãs de esperança e noites de aflição.

Dias de mudança, de trilhos por abrir.

Meses de receio. De temer violentamente.

E este ano eu vivi mais.



Tempo de viver.

Experimentei, arrisquei, a alegria, a desilusão.

Guardei o melhor, o pior deixei cair.

Procurei-me. Analisei-me friamente.

E este ano pensei mais.



Tempo de pensar.

Pensei sobre  a vida, qual a minha missão

E vi que me afastei de mim, que me deixei ir.

Reencontrei-me, assim, inesperadamente.

E este ano viajei mais.



Tempo de viajar.

Saboreei a estrada, fiz-me amiga do alcatrão.

E adaptei-me, porque não sou de desistir.

Valorizei-me a mim mesma, intimamente.

E este ano amei mais.



Tempo de amar.

A mim, à família, aos amigos, à paixão.

E harmonizar, porque nunca é tarde para unir.

Respirei fundo, apreciei tudo. Mesmo.

E este ano eu sou mais.

17 agosto 2010

Em cada poema teu, de novo me encanto

Como se as palavras fossem sonhos que me dás

Em cada estrofe tua, eu bebo o teu pranto

Como se, ao lamber-te as lágrimas, te devolvesse a paz

Em cada dia que contigo chore ou ria

Num desafio à dor, vivido sem medo

Eu sinto a alma embrulhada em poesia

Como nas madrugadas vividas em segredo

14 agosto 2010

Deixa-te ficar assim
Mensageiro de sonhos que, acordada, me embala
Deixa que a tua boca sele a minha
Num beijo doce que reconforta e cala

Deixa-te ficar em mim
Cavaleiro de paz que viaja desnorteado
Deixa que a rota se conclua hoje
Num leito de amor onde te deitas, desarmado

Deixa-te ficar até ao fim
Marinheiro que vive em demanda constante
Deixa que a ternura se transforme em porto
E acolha nos seus braços esse destino errante.

11 agosto 2010




Se corres e saltas e sentes e gritas

É porque precisas de soltar, sim

As dores que guardas aí dentro, aflitas

Num tapete voador que as conduza ao fim



Se deixas que o peito, por vezes, rebente

É porque soltas a voz, num hino à vida

Deixa-a guiar-te, em voo livre e contente

Onde nenhuma emoção seja proibida



Se queres ser dono de um destino assim,

Entra com garra nesse labirinto

Persegue o teu desejo, pintado a carmim,

Brinda com um copo de branco ou de tinto



Porque precisas, amigo, de madrugadas

Vividas no prazer e no calor do arrepio.

Escolhe um sonho e vive-o, qual conto de fadas

E acolhe alguém nesse teu desvario.




07 agosto 2010

Quedo-me suspensa entre o estar e o nada

(Por vezes a vida acontece assim)

No grito calado, feito voz agrilhoada

Espera prolongada num compasso sem fim



E corre, num ritmo que sabe a pouco

Sucessão apressada de emoções não vividas

Torvelinho que enclausura a alma num sufoco

E o coração em vontades sempre reprimidas



Calo-me, por momentos, que se me aperta a garganta

Buscando bom porto, fujo à rota interdita

Abalo para longe, que a vontade é tanta

De viver os dias longe da pressa que grita

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