30 novembro 2017

"O Mundo ao Contrário"



(foto retirada do site da RR)


Lembro-me dos Xutos e Pontapés desde sempre.
Cantei as suas músicas desde que a adolescência aguçou o meu gosto pela música. As letras faziam eco na caixa de ressonância individual que funcionava colectivamente. Eram tempos de grupo, de saídas com colegas, de amizades que se prolongaram pela vida.
Em cada saída, em todas as festas das colectividades, nos concertos locais, nos encontros da juventude do partido, lá estávamos nós a cantarolar, vibrando alto e bom som o que nos ia por dentro. 
"A carga pronta e metida nos contentores" arrastava malta do liceu ansiosa por aventuras que comprometiam saúde e futuro àqueles que cedo optaram por viver em "alta rotação".
"Aqui ao luar, ao pé de ti, ao pé do mar", vivemos a adolescência mais prometedora, sabendo que podíamos "estoirar para sempre" se fôssemos por aqueles caminhos, mas seria sempre “à minha maneira”; esboçávamos então, aos 14/15 anos, um percurso que acreditávamos híper poderoso, ou não fôssemos inflexíveis nos nossos sonhos. Que eram grandes; tão grandes como o futuro, que ainda era uma linha infinita.
Apaixonámo-nos. "Só loucos como nós viviam o amor com tanta paixão". Crescemos, ou fizeram-nos crescer. Ficaram as saudades das "alegres casinhas".
E foi sempre assim. "Tomámos coragem para os nossos destinos". Crescemos, tornámo-nos mães e pais com “putos que crescem sem se ver, basta pô-los em frente à televisão”.
Em 2014 fui, com o meu amigo Alex, ao concerto dos 25 anos dos Xutos. Emocionante.
E agora que repousas, Zé Pedro, Portugal pergunta-te:
"Porque sais?,
Ainda é cedo,
E tu não sabes mentir."
E respondes:
"Nem eu sei,
Só sei que fica tarde
E eu tenho de ir."
E o povo pede: "não vás, ainda"". E acrescenta: 
Conta-me historias daquilo que eu não vi..."

26 novembro 2017





Existe o belo natural e o belo criado. A Natureza inspira o Homem.
A beleza faz a vida valer a pena. Gestos belos, obras de arte, águas livres, revoltas, em cursos ou lagos. A fauna, a flora e a gente que guarda beleza no interior.
Serão os mais sensíveis ao belo os mais completos? Serão mais felizes os que conseguem distinguir cada traço de beleza quase oculta?
Há dias perfeitos e dias de esquecer. Datas de comemorar e fases de digerir a fealdade do humano, dos desatinos da vida.
Sem beleza nas paredes, na rua, nas caras, todos serão dias de nada. Belo é conseguir o que nos eleva. Manter o equilíbrio, sorrir diante do que quer que seja. Belo é ser capaz. É ser livre e solidário. Belo é ajudar a ser. Não julgar, não afastar. Partilhar o melhor.

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