31 dezembro 2007

É tempo de prémios na blogosfera






Quem dedica algum tempo à blogosfera sabe que este é um espaço rico em amizades e em atenções. Estas, podem assumir a forma de comentários ou de prémios. Eles circulam por aí, multiplicam-se com toda a sua carga subjectiva, não deixando praticamente ninguém de fora desta onda de solidariedade.

Desta vez, foi a Blue Velvet, do blog http://babyvelvet.blogspot.com/, que distinguiu o Escrito a Quente com este prémio. A ligação afectiva não terá, provavelmente, sido alheia à escolha. No entanto, sinto-me babada e grata pela distinção e passo a dar seguimento à atribuição do prémio. Não sem antes divulgar as regras que presidem a tal atribuição.

Regras "É um blog muito bom sim senhora!" Não há regras, excepto linkar a imagem ao meu blog (se vos apetecer), de resto a regra de escolher o ou os blog(s) fica à responsabilidade de cada um.
Agora, e com toda a carga subjectiva agravada por um conhecimento pouco vasto em matéria de blog's e coroada pelo reboliço de dois filhos "eléctricos" que correm, jogam à bola, fazem barulho, pulam no sofá e fora dele e sa magoam, terei de distinguir outros sete a quem repassar a "batata quente". São eles:

1- Fundamentalidades, pela forma exemplar como alia o estilo jornalístico a uma sensibilidade poética. Pelas opiniões.
2- Grau Zero, pelas imagens, pela identificação com as suas palavras.
3- A Qualidade do Silêncio, magazine de artes (e não só) sob a forma de blog. Umas Histórias Fulminantes fabulosas!
4- Ao Sabor do Olhar, pela originalidade da forma e da autoria.
5- Sophiamar, pelo modo único como nos embala nas suas histórias. Porque consegue ver beleza no mais comum dos percursos pessoais.
6- De Amor e de Terra, porque a sua poesia nos embeleza os dias.
7- Memórias Vivas e Reais, pela paixão e pela sensibilidade que poucos homens demonstram e que Pena não se inibe de exibir.

Saliento, no entanto, que da minha selecção de links de outros blog's, foi difícil ter de seleccionar sete. Qualquer um dos restantes destes links, e não só, seria também uma boa escolha.

24 dezembro 2007

O que hei-de eu oferecer-lhes?

Há tempos, deixei no ar a ideia de escolher prendas de Natal para aqueles que são os meus amigos bloguistas.Não se trata de uma lista real, nem nada que se pareça.
É uma brincadeira, só para ver se acerto mais próximo ou mais distante da mouche no que toca a intuições para presentes a quem não conheço ou conheço apenas dos blogs. Não se sobrepõe aos votos de paz, amor, harmonia, saúde e de tudo o que prezamos na vida.
Desafio-vos, portanto, a lerem, com espírito natalício, a lista de compras de Natal que levaria comigo numa expedição consumista destinada a bloguistas:

À Alex (Grau Zero) daria um cachorro fofo e brincalhão. Não repõe os amores já partidos, mas cria um novo.
O Alex Gandum receberia uma semana de férias num turismo de habitação no Alentejo, para matar saudades, seguida de outra semana no Porto, para conhecer melhor.
A Amigona seria presenteada com uma verba choruda para utilizar com aqueles a que apoia no seu dia-a-dia.
A Bárbara Cecília merecia vir a Portugal um mês, conhecer o país e conhecer-nos a nós.
À Blue Velvet ofereceria uma garrafa cheia de magia, para que ela própria pudesse ir doseando a saída dos seus desejo, concretizados.
À Carminda, o mesmo que eu quero para mim: trabalho e livros.
A Maria (desses blogs que ficam entre nós), receberia um bilhete de avião para um país africano que nós duas sabemos. Voaríamos ambas rumo ao passado.
A Maria Mamede, pela sua veia poética, teria de receber uma edição centenária d'Os Lusíadas, ou outra edição, qualidade premium, de um autor a seu gosto.
A Sophiamar seria presenteada em duplicado: com o cd "Mar de Sophia" e a publicação de um livro com as histórias com as quais nos deleita.
O Tiago receberia uma surpresa literária: "Os Pilares da Terra", de Ken Follet.
O Victor teria no sapatinho a edição em dvd de "O Sétimo Selo", de Ingmar Bergman. A sugestão partiu do próprio Victor.

Acertei? Não? Para o ano, já vos conhecerei melhor, será mais fácil dar o seu a seu dono...A quem eu não referi, peço que compreenda que me referi apenas aos bloguistas com quem mais tenho trocado impressões.Mas a todos formulo aqueles votos de tudo de bom que a vida possa trazer.

20 dezembro 2007

Parabéns, Tia!

A infância, passou-a entre o Algarve natal e o Alentejo, para onde a profisssão itinerante do pai conduziu a família.
O tempo era de escassez de recursos e abundância de artimanhas para dividir o pouco por muitos.
Em casa, a Beatriz era a mais velha de três irmãs. Os pais haviam tido oito filhos, mas as maleitas da época reduziram, logo à partida, a conta para metade. Além das três meninas, restara Alberto, cuja idade o afastava das irmãs no andamento da vida.
Na escola, a professora, rígida e exemplar no que tocava aos antigos modelos de educação, castigava-lhe as mãos, vítimas da falta de compreensão e de capacidades que a profissão deveria espelhar.
Animais domésticos eram sempre uns quantos, chegando um coelho a partilhar as refeições
à mesa. Era animal que se impunha, inclusivé, ao gato da casa. Quando era imperativo demonstrar quem reinava, desatava a bater ruidosamente com as patas, fazendo o gato mostrar num ápice para que queria as patas. Mas já estou a desviar-me da menina da nossa história.
Destemida, via nas cobras do rio uma forma divertida de afugentar as irmãs. Assim, levava-as para casa, pois então. Era vê-las ficarem sitiadas num quarto, apelando, em gritarias aflitas, ao socorro materno! Trepava às árvores, sujava-se na terra e fazia apitos de qualquer ervinha que se exibisse no seu caminho. Assobiava; contudo, não era hostil aos ditames sociais.
Na adolescência, o papel de guardiã da moral fazia com que olhasse de esguelha as amizades masculinas das irmãs, coisa sempre considerada vigiável, se não mesmo censurável, no Alentejo de então.
A ambição de continuar a estudar, para vir a ser enfermeia, ficou, também, refém dessa moral anquilosada que estipulava a enfermagem como pouco recomendável para futuro profissional das jovens. Foi assim que a Beatriz viu o seu sonho ser cancelado, a sua ambição frustrada. Sempre dinâmica, era obrigada a estacar perante as convenções sociais. A carreira acabaria por se desenhar com linhas, presas em tecidos como a sua vida, presa às deslocações pelo país fora, ao serviço de uma empresa fabricante de máquinas de costura. Não ensinava apenas o corte e a costura; lançava também as suas alunas na magia criativa da beleza dos bordados à máquina.
Desses tempos, ficaram amizades ou lembranças delas. E muitas, muitas histórias...
Décadas decorridas sobre esta vida itinerante, ainda tentou cativar-me para o pedal da costura, mas, por falta de entusiasmo meu e não de vocação sua, continuo leiga nesta matéria...
Outros empregos passaram pela sua vida, outros acontecimentos a marcaram.
Pela inexorável mão do tempo ou do azar, perdeu a mãe e, anos mais tarde, o irmão quase-herói. Dilaceradas, Beatriz e a irmã mais nova tentam encontrar as melhores frases para desferir no pai o golpe da perda do filho. Mas, ultrapassada a dor impotente, Pedro ainda encontraria forças para enfrentar, e vencer, uma doença de mau presságio.
Partiria, também ele, anos mais tarde, pouco antes da minha chegada a este mundo. Já não tive tempo de conhecer este avô, mas a tia Beatriz é âncora de qualidade incomparável no meu percurso de vida.
Os resquícios do seu temperamento traquina de menina ecoaram na forma como contrariava os cuidados com que o meu pai me alertava para os perigos deste salto em altura ou do contacto com aquele animal indomesticável. Aliás, é convicção familiar que o seu papel é, precisamente, o de fazer com que as crianças percam os medos. Como a subtileza com que foi insinuando o contacto desconfiado do meu filho com o mar.
Nos fins-de-semana na casa desta tia, que entretanto perdera também o amor da sua vida, o banho era de "emergência" (que eu assim designava por confusão com "imersão"), o tempo era de descoberta e os programas variavam entre o passeio em quatro rodas (que os meus pais não podiam proporcionar-me), uma ou outra sessão de cinema infantil como a Annie, e, numa fase mais adiantada no tempo, o madrugar para ir para a quinta, lá para a Azambuja.
À noite, a cama recebia esta ocupante em ponto pequeno, assustada, de início, com as costumeiras lesmas e osgas que habitavam com frequência o quarto.
As favas foram-me impingidas à revelia, mas no que tocava a gemadas tive de me impôr: nada de misturas, só gema, purinha com açúcar.
E havia a imagem do anjo-da-guarda à cabeceira, o galo a anunciar o dia, os troféus africanos trazidos pelo meu tio, que ainda dão à casa o seu tom de originalidade museológica.
Impelida pela curiosidade e pelo espírito da descoberta, percorreu a Europa em autopulman e de avião, vindo, mais tarde, a expandir o seu percurso viajante para outros continentes. Sem falar inglês nem francês.
Aos treze anos acompanhei-a numa pequena excursão a Marrocos, aos catorze fomos passar uma semana de férias a Benidorm, moda estival da época.
Foi mais ou menos por estes anos que a minha tia me deixou começar a experimentar a sensação de conduzir, sempre em locais onde a segurança não ficasse hipotecada.
Um dia, foi ela quem me ofereceu a carta de condução e me deixava guiar sempre que estávamos juntas, com uma confiança inabalável; o meu pai chegou, um dia, a encolher-se no banco de trás, num daqueles dias em que todo o céu era não azul, mas água. As estradas, rios. E ela ali, no "lugar do morto", o seu carro nas mãos de uma condutora inexperiente, a não transparecer nada mais que optimismo.
O mesmo optimismo que, finalmente, conseguiu reencontrar neste seu 76º aniversário, comemorado numa reduzida mas agradável reunião familiar, apesar da doença que importunara já pai e irmã e decidira atravessar-lhe agora no seu percurso.
A má notícia arrumada numa estante, juntamente com as relíquias testemunhas de outras vidas. Os tratamentos, tão frequentes e tão frescos, vencidos pela personalidade duma mulher que foi aprendendo a adaptar-se às circusntâncias que a vida lhe foi apresentando.
Voltou a ser a minha tia, a dos arranjos milagrosos nas calças do meu filho, que, outras mães se veriam tentadas a mandar para o lixo.
A que responde sempre que está bem, preocupada em não nos trazer inquietações.
A que, nas reuniões familiares, traz sempre aquilo que se comprometeu em trazer e mais algumas coisas, de que se lembrou entretanto.
A que é frontal comigo, mesmo quando isso implica desacordo, tal como eu sou com ela. Porque somos assim, diferentes e parecidas. Impulsivas, intempestivas, transparentes reciprocamente. E adoramo-nos, o que se sobrepõe a quaisquer minutos ou horas de esgrima verbal.

19 dezembro 2007

Uma história que me tocou




O texto seguinte é da autoria de uma mãe. Uma mãe de dois filhos, um filho e uma filha. Uma mãe brasileira que, infelizmente, se tornou conhecida deste lado do Atlântico pelas piores razões.
A Flávia, sua filha, está em coma vigil. Metade da sua vida tem sido assim.
Apelo a que conheçam a sua história, quer lendo o texto que transcrevo, quer visitando o blog http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/.
Só hoje dediquei um tempinho ao meu blog, pelo que este post não saiu no dia 17, dia assinalado na blogosfera por uma postagem colectiva em nome da Flávia. De qualquer modo, não quis deixar de me associar, como ser humano e como mãe, a esta iniciativa. Até porque as causas não se cingem a datas marcadas.

[Photo] A arte desta foto é um trabalho de Isabel Filipe do blog Art&Design, de Portugal.Apresento a vocês a minha família. Meus filhos Fernando e Flavia. Eu, ao lado deles. Sempre.Fernando vai completar 24 anos em abril de 2008. Está no último ano da Faculdade de Publicidade, na ESPM de São Paulo. Mas Fernando trabalha mesmo é como ator, profissão que adora e na qual vem se destacando dia a dia. Meu filho é motivo de orgulho para mim.Hoje, 16 de Dezembro de 2007, é aniversário de Flavia. – 20 anos, metade dos quais em cima de uma cama hospitalar, desde que entrou em coma vigil, por ter quase se afogado quando teve seus cabelos sugados por um ralo de piscina, mal vendido, mal instalado e nunca fiscalizado.As fotos minha e de Fernando são recentes, mas aqui Flavia foi fotografada 4 anos atrás.Talvez algumas pessoas possam estranhar o fato dela estar com os olhos abertos. Essa é uma característica do estado de coma vigil. A pessoa abre os olhos durante o dia e os fecha à noite para dormir. Este sorriso de Flavia aconteceu uma única vez em quase 10 anos. E isto foi no dia em que ela completou 16 anos. Eu estava por perto, e cliquei esse momento raro e mágico.O estado em que fica uma pessoa após sofrer um acidente que deixe seu cérebro lesionado, nunca é igual ao outro, cada caso é diferente, pois isto vai depender da extensão da lesão cerebral sofrida. No caso de Flavia por ela ter ficado, não se sabe quantos minutos presa ao ralo da piscina pelos cabelos, ela sofreu quase afogamento e teve morte dos neurônios e de acordo com o neurologista que a acompanha desde que há quase 10 anos ela, já inconsciente, deu entrada na UTI do Hospital Santa Isabel em São Paulo, Dr.Fernando Norio Arita, a extensão da lesão causada ao cérebro de Flavia é de grandes proporções e seu estado de coma, é considerado irreversível. Flavia, ficou apenas com a audição preservada. Percebi isso quando ao ouvir os latidos de Michele, nossa poodle, Flavia estremecia na cama como se tivesse levado um susto. Notei que o mesmo acontecia quando uma porta batia ou um trovão se ouvia. A expressão de seu rosto também muda quando ela sente dor. Embora sutilmente, reaje a sensações agradáveis, como um carinho, um beijo no rosto, um afago em seus cabelos. Sempre que lhe faço massagens, percebo na expressão de seu rosto que Flavia sente o toque de minhas mãos. Fora isso, Flavia ficou completamente dependente de tudo e de todos para toda e qualquer atividade. Não fala, não se move, não responde e nem reage a estímulos verbais. Ficou com uma severa disfagia que é a incapacidade de engolir, e por isso precisa receber aspirações traqueais várias vezes ao dia, para evitar que venha a ter problemas respiratorios. A disfagia faz com que ela tenha que ser alimentada por uma sonda gástrica introduzida cirurgicamente em seu estômago. Outra seqüela debilitante do acidente é a hipertonia, uma hiper atividade do tônus, que se não forem feitas fisioterapias diárias, a pessoa vai ficando deformada. A fisioterapia é fundamental, mas dependendo da condição em que ficou a pessoa, mesmo recebendo tratamento fisioterápico diário, ela vai adquirindo deformidades ao longo dos anos. Infelizmente é o caso de Flavia que tem as mãozinhas e os pés sempre rígidos e crispados, como se estivessem o tempo todo sob forte e constante tensão. Presenciar isto dia após dia é doído. Sinto uma impotência tamanha, que me faz pequena diante do grande sofrimento de minha filha. Amor de mãe deveria ter mais poder.Com este relato não pretendo absolutamente despertar pena ou piedade em quem quer que seja. Pena merecem as pessoas que por medo de se expor, não exercem a cidadania para si ou para seus entes queridos. Minha intenção é mostrar em quão dolorosa pode se transformar a rotina de vida das vítimas que sofreram acidentes parecidos com este de Flavia. Conforme venho documentando em posts anteriores, acidentes com ralos de piscinas são mais comuns do que se pensa. Por favor, leiam os casos documentados no blog de Flavia e precavenham-se. Se você mora em um prédio de condomínio, exija que o síndico providencie, por empresa devidamente habilitada, vistoria técnica no sistema de sucção da piscina. E se você é responsável pela compra e instalação de qualquer equipamento de sucção de piscinas, exija que o fabricante desse sistema, ( no caso de Flavia, a JACUZZI DO BRASIL ) efetue a venda com todas as informações necessárias à correta instalação desse sistema. Precavenham-se.Fiquem com nossos sorrisos e nossos agradecimentos pela divulgação que possam fazer da história de Flavia, que representa UM CASO, DE TANTOS QUANTOS SABEMOS EXISTIR DE NEGLIGÊNCIA E IMPUNIDADE.Que o exemplo de Flavia, possa servir para evitar novas tragédias e que a solidariedade de vocês possa acordar nossa Justiça em coma. Este, profundo.Muito obrigada e até a BLOGAGEM COLETIVA DE AMANHÃ, dia 17.12. Contamos com sua participação.PS: Isabel, muito obrigada por seu trabalho com nossas fotos, um lindo presente de aniversário para mim e Flavia.
publicada por Odele Souza às
0:12 a 16/Dez/2007








09 dezembro 2007

Hoje, jantei em frente à tv. Jantar não é o termo certo; petisquei. Um copo de vinho tinto a acompanhar umas tostas com queijo. Tinha uns pedacinhos de queijo da Serra e de Brie e fui "debicando".
Deixei-me ficar, ali no sofá, engolindo indolentemente enquanto prestava uma atenção relativa a um documentário que se desviou dos mergulhos dos pinguins para a hibernação dos ursos sem que eu me tenha apercebido da mudança.
Curioso! Tantos anos sem ligar à tv e agora isto! Lembro-me que, quando os miúdos eram pequenos, eu ansiava por um tempinho para mim; para ler ou para não fazer nada... Os dias escoavam-se sem sequer, às vezes, permitir momentos para emagrecer a lista de assuntos pendentes. Descansar era sempre verbo para conjugar no futuro.
E agora as horas arrasatam-se. Faço qualquer coisa para fugir à sensação de casa vazia, mesmo que tenha de ligar a tv ou passar horas ao telefone.
Na agência, o ritmo é demasiado corrrido, pelo que, quando chego a casa, me entrego ao desleixo e à preguiça, se para aí estiver virada.
Mas, quando chegam os fins-de-semana, a modorra acaba por pesar e, frequentemente, deixo-me entupir pelo vazio.
Compro os jornais, leio, dormito, vejo tv e, sempre que o telefonte toca, troço para que não seja o Manel. De há tempos para cá, deu em multiplicar os pretextos para reencontros que não me apetecem.
Tenho de gastar um bocadinho de conversa de chacha quando me cruzo com algum vizinho nas escadas mas, quando entro em casa, sinto-me uma refugiada a salvo da curiosidade alheia.
Mergulho em prazeres adiados demasiado tempo e redescubro o encanto de um bom romance, o suspense de um filme ou os planos de um encontro com esta ou aquela amizade antiga. De vez em quando tenho também que voltar a um passado juvenil, quando a minha mãe resolve atormentar-me, ao telefone, com as suas angústias e a exigência de uma visita que é tão mais prorrogada quanto o grau de censura na sua voz...
Bem, mas hoje não vou escrever mais. Quero procurar o dia de amanhã; acordar bem-disposta e sem o ar de quem foi atropelada por um camião. É o dia do almoço com os ex-colegas da faculdade. Um dos dias mais aguardados do ano...

05 dezembro 2007

Desafio

A Sophiamar deixou um desafio aos leitores do seu blog. Apesar de achar que há temas mais interessantes para escrever do que eu própria, vou dar seguimento, para não me achar uma "desmancha-prazeres".
Assim, aqui vos deixo as dez coisas que me ocorre dizer sobre a minha pessoa e que contribuam para me conhecerem melhor:

1. Adoro ler e escrever.
2. Adoro viajar. Embora, nos últimos anos, não tenha tido sorte neste aspecto.
3. Tenho vários defeitos; o mais óbio parece-me o ser ansiosa.
4. (ligado ao anterior ponto) Detesto perder tempo, sou quase fundamentalista neste capítulo.
5. Sou tolerante, tento viver de mente aberta.
6. Não sou consumista.
7. A minha alma está presa ao Porto, sobretudo cidade, mas também clube. Embora eu seja de Lisboa.
8. Tenho de sentir-me produtiva.
9. Sou mãe de um menino e uma menina lindos, espertos e reguilas.
10. Sou muito dada a "excursões mentais".

A quem o quiser aceitar, deixo o mesmo desafio.

03 dezembro 2007

Resposta ao desafio

A minha amiga Sophiamar (http://sophiamar.blosgpot.com) deixou-me um desafio a que dei agora seguimento.
Trata-se de pegar num livro (oh, meu Deus, qual há-de ser?) e escolher uma página ao acaso e um parágrafo ao acaso.
O livro escolhi-o, de entre as memórias de livros que me tocaram. Não tenho relido livros, mas este talvez merecesse... É que há sempre tantos à espera...
Quanto ao acaso da página e do parágrafo, já não foi tanto acaso, pois alguns parágrafos nada mereceriam de grandes cogitações...
Aqui vai:

João de Melo, "Gente Feliz com Lágrimas":

"Sabe que em breve a amará e odiará também por isso. Talvez venha a ender-se a essa maternidade instintiva, ao modo como ela sempre prtogera os irmãos mais novos. Mas odiará o tom imperativo dessa voz que continua resignada perante a infelicidade. Não tolerará ouvi-la consagrar ao Divino tanto sofrimento, nem firmar-se na certeza de que só Deus a curará. No combóio, tivera tempo de sobra para planear a sua fuga para fora da esfera de Deus. Decidira desobedecer-Lhe em tudo e dar a si mesmo o excesso de viver e amar a vida do lado de cá dos muros. Começaria por esquecer-se dos Domingos."

Pela densidade psicológica, pela abrangência cultural e geográfica, pelo rio cronológico deste romance, fica a vontade de a ele voltar e o desafio a quem não o leu: esta é uma história que vale a pena conhecer.

O desafio lançado pela Sophiamar fica aqui, lançado ao ar. Quuem quiser que o agarre...

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