31 outubro 2011

Poesia depois de ti


Um dia fomos nós a liberdade
Comemorada com todos os sentidos,
Revolução de ternura e de vontade,
Fantasia de amantes renascidos.

Um dia fomos amor de imersão
Num banho à luz de vela desenhado
Água morna, corpos quentes e paixão
Na penumbra de um fogo embriagado

Hoje, tu não estás e já nem sei
Se este amor foi um tempo verdadeiro,
Se foi apenas um poema que escrevi.

Terás sido o amante que inventei?
Pergunto-me - num temor verdadeiro -
Se haverá poesia depois de ti.

26 outubro 2011

Parabéns, Vasco!


Faz 9 anos e é o melhor filho do mundo.
Por ele, o meu corpo se dilacerou, mas com ele nasceu o amor maior que se pode sentir.
Por ele, as noites foram dias, durante mais de ano e meio; mas, mesmo tendo adormecido ao volante por duas vezes, continuo a viver a maravilhosa experiência de acompanhar o seu percurso de bebé a homem.
Por ele, as prioridades nunca mais foram as mesmas, os valores tornaram-se bem mais fortes.

Amo cada pormenor deste menino que senti moldar-se no meu interior e sinto agora crescer no seu modo próprio.
Amo cada teimosia do Vasco pelo que significa da sua vontade de contrariar e persistir.
Amo cada derrota sua porque sei que o conduz a nova tentativa de ser bem sucedido.
Amo cada erro porque sei que se traduz em mais uma lição de vida.
Amo cada choro porque sei que ajuda a limpar dores e tristezas (e os homens têm os mesmos direitos que as mulheres).
Amo cada questão porque o encaminha na busca no caminho do conhecimento.
E, claro, festejo cada vitória, cada objetivo atingido, que sinto como sendo também um pouco meus.
Pelo Vasco, o meu primogénito, aquele que me conferiu o título de mãe há 9 anos, sinto-me de parabéns e irradio orgulho.


18 outubro 2011

Desvelo


Que cada dia traga a alegria de uma promessa

Que todo o gesto enxugue as lágrimas incontidas

Que a noite te afague num carinho que não esqueça

E o vento te ofereça as alegrias prometidas



Que os impulsos dessa alma de aventureiro

Sejam passos inventados a cada nova dança

Que toda a casa albergue amor verdadeiro

E a ternura seja o espelho de qualquer criança



Que qualquer estrada desemboque num moinho

Que o presente seja um livro ou um brinquedo

Que haja sempre pão e nunca acabe o vinho

E que cada jardim conserve um segredo



Que todos possam, sempre, ouvir cantar

Essa voz doce, de eterno trovador

Que quando sentires vontade de chorar

Sejam gotas de alegria na oferta duma flor


16 outubro 2011

Hoje não escrevo.
Deixo-me ficar de olhos fechados, imaginando que me estancas este sal dos olhos com a tua língua doce. Que levas a tempestade do meu peito a bom porto, os teus braços como leme.
Ancoro a cabeça no teu ombro e deixo-a fundeada nessa segurança morna até madrugar.
Prometo a mim mesma não voltar a zarpar.
A não ser que me acompanhes na partida…


10 outubro 2011

Adeus, museus?


Admito que sou uma mãe imaginativa.
Gosto de proporcionar aos meus filhos programas diversificados nos dias de férias ou fim de semana.(aliás, gostaria de fazê-lo com mais crianças).
Assim, privilegio as atividades ao ar livre, como praia, parque e pic-nics durante os meses de bom tempo.
Mas, nos restante, não ficamos um dia inteiro em casa. E recuso-me a passear crianças em shoppings.
É frequente irmos a bibliotecas e museus, como referi algumas vezes, por exemplo aqui e aqui. Habituei-os; agora, são eles que pedem para ir.
Há atividades fantásticas nestes espaços, que entretêm toda a família.
Agora, deparo com a notícia de que os domingos deixarão de ser gratuitos nos museus.
Como desempregada repetente, pergunto-me se, além de não poder escolher as escolas dos miúdos (há muito que os retirei da cooperativa onde estavam, porque começou a ficar impossível pagá-la) nem dar-lhes a possibilidade de praticarem um desporto, também terei de abrir mão de os levar a museus.
Qualquer dia lembram-se de cobrar pelos serviços das bibliotecas. Ou pelas praias...
Devem querer obrigar-nos a criar filhos em frente à tv ou nos locais de culto do consumo, não?
(e ainda há quem fale no orgulho de ser português?!?)

07 outubro 2011

Castelos






Deixemos de parte o saudosismo de outros tempos.
A imagem romântica dos contos de princesas.
Todas as lições de História que já esqueci.
Os castelos são, por si só, das mais sedutoras obras
 de que o engenho humano foi capaz.

02 outubro 2011


Tenho palavras escondidas, que adivinhas, porque não as sei contar,
Tenho um sorriso que te espreita, de longe, à espera do teu olhar.
Tenho um rio que corre, incansável, em maré que enche, devagar,
Tenho um abraço alojado no peito que não se cansa de te esperar.

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin