Não se pode prever o momento dum reencontro.
É algo que acontece, não nos é perguntado. Mas também não teria a mesma graça…
Só assim nos podemos rir do que se passou há metade de uma vida. É bom, rir contigo, numa época que ameaça acabar com o riso.
É ainda melhor sentir a presença constante de alguém com quem já só contava na memória.
Não te limitaste a captar a minha atenção. Não; tu raptaste-a!
Os jogos de palavras (seres com vida própria que te escapam e que eu agarro), as músicas que já dançámos e as que ainda não vivemos, as vidas trocadas por miúdos -e miúdas- ,os subentendidos e os muito bem entendidos.
As conversas ao telemóvel a alongarem-se para lá do limite legal, os projectos de retomar a cavaqueira com os olhares daquela idade e a maturidade desta (mesmo sabendo nem os olhos nem os seus donos são os mesmos)...
E os segredos? Bem, os segredos são o teu ponto forte :-)
Ninguém espera estes anos todos para contar segredos do calibre duma Remington. Vê se arranjas uns dignos de uma Browning, sei lá, qualquer coisa de maior impacto que me faça, a mim (que tenho certamente cara de padre: sou fiel depositária dos segredos mais mirabolantes que toda a gente parece querer despejar justamente na minha pessoa) ficar de queixo caído.
Alcunhas postas de parte, juízos deitados por terra, só te digo: pára lá de pensar nesse handicap e vê se dormes.
Mesmo com a mente cheia de subentendidos e muito bem entendidos.
Ah! E, claro, de segundos sentidos :-)