26 setembro 2014

Ainda aguardo surpresas



Ainda espero surpresas.
A vida trouxe-me quase tudo em doses significativas. Surpresas incontáveis, desilusões violentas.
 Mantenho a capacidade de me surpreender. E gosto de demorar a atenção sobre quem aprecio.
Alguns sonhos, daqueles que temos enquanto dormimos, assemelham-se a cenas de cinema.
Em estado de vigília também sonho. Não com o que é material.
Sonho com o que se vive.
Uma viagem que repõe o espírito no estado lírico.
Uma palavra de apreciação, expressa de forma ímpar.
Um encontro adiado, que acaba por se arrastar no tempo e no espaço.
Uma dança a dois, improvisada na rua.
Um sorriso cúmplice de alguém desconhecido.
Uma mão que segura a nossa, pondo a alma a nu.
Uma paixão que nos leve à cama por dois dias.
Um abraço prometendo um final feliz para uma questão preocupante.
Sonho com o que se vive.

E ainda aguardo surpresas.

17 setembro 2014

As aulas ainda não começaram, Sr Ministro!



Os vosso filhos/netos já começaram as aulas?
O meu filho não.
O meu e todos os alunos do 3º ciclo da escola onde ele estuda.
Todos os anos, inúmeras escolas portuguesas se deparam com a questão da falta de professores ou funcionários quando o ano lectivo está para ter início. No caso das dos meus filhos, não têm faltado professores, mas auxiliares de acção educativa.
Agora, o problema fez com que tanto o Vasco como outras centenas de crianças estejam em casa, em vez de estarem a aprender e a conviver com os colegas.
Contaram-me numa das escolas que o Ministério da Educação não contrata, antes tenta que sejam colocados funcionários de outros ministérios. No Verão, o país para. E, em Setembro, o IEFP é designado para tratar de arranjar funcionários para as escolas.
Colocam-se duas questões, a meu ver muito sérias:
Primeira: segundo me foi dito, estes auxiliares já têm saído a meio do ano lectivo, quando o subsídio de desemprego termina. Tudo leva a crer que são destacados para as escolas sob pena de perderem o subsídio. Será? Eu tentei candidatar-me, mas o Centro de Emprego respondeu-me que apenas o podem fazer as pessoas que ainda ao recebem (pagam-lhes o transporte,almoçam na escola e poupam-se umas “massas”).
Segunda: a colocação nunca é feita em tempo útil. As aulas atrasam. Os alunos saem prejudicados.
Ontem o meu dia começou com uma ida à escola do Vasco. Falei com a directora. Já tinha iniciado as entrevistas. Ainda não se sabe quando terá início o ano lectivo destes alunos. À tarde, falei com a directora de turma. Troquei mensagens com a Associação de Pais.
Eu vou à escola. Represento os Encarregados de Educação de duas turmas. Questiono. Participo. Comunico aos restantes Encarregados de Educação. Candidato-me. Não sei mais que fazer, concretamente, para ajudar na resolução desta questão. Não aceito que o ensino seja cada vez mais negligenciado. Alguém tem sugestões que possam conduzir a uma rápida resolução deste problema?

01 setembro 2014

Pelo aniversário da Patrícia, ontem


Está hoje de parabéns, a minha terceira sobrinha.
Aquela que, aos seis anos, falava sopinha de massa". "Sopinha de canja!" - corrigia-nos logo.
O seu sorriso moldava o mar à proporção das brincadeiras, saltitando entre pocinhas, com o balde na mão.
Quem visse aquela beleza terna adivinhar-lhe-ia um futuro agradável. Porque nunca imaginamos uma vida dura num olhar doce de menina bonita.
Demorou a crescer, o que lhe permitiu dormir na cama de grades do meu quarto até então....

A Patrícia cresceu e cuidou dos irmãos com um enlevo maternal. Coisa natural numa família numerosa, onde, depois dela, ainda nasceram cinco.
Acabou por tornar-se mãe bastante nova. Há tradições que os genes se encarregam de assegurar.
O pai dos primeiros dois filhos passou por problemas judiciais que aumentaram a sua responsabilidade como mãe e condenaram uma paixão precocemente multiplicada.
O segundo amor foi arrancado por um tiro. O pai do terceiro filho e da Daniela, que se desenvolvia no útero, foi assassinado no trabalho, num dos primeiros episódios duma saga de violência na noite portuense.
A Daniela, hoje com seis anos, tem outro pai. O dos seus dois irmãos mais novos. E uma mãe que não desistiu.
Faz hoje trinta e sete anos, aquela cujos dentes de leite ainda conservo e algodão, numa caixinha de ourivesaria.
A mãe-coragem de seis filhos, a quem a vida não tratou com o amor suave que o sorriso terno merecia.
Parabéns, Patrícia!
Todos os dias.

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin