27 maio 2013

Vertigem Galopante


Sob as coxas com que te cinjo e ensino,
És sela quente onde o meu querer se agita;
Alazão bravo sobre o qual me inclino,
Boca entreaberta em gula infinita.
 
Traças com a língua um trilho que desperta
Em mim o cio bêbado de fêmea acesa.
Monto-te livre, vibrante, aberta,
Enquanto me domas, nas tuas mãos presa.
 
Somos corcéis trotando contra o vento,
Esporeando-se em loucura repentina,
Cavalgamos, rédeas soltas, ao relento,
No peito o fogo, nas tuas mãos a crina.
 
Investimos todo o fôlegoa na corrida,
Vertigem galopante, desenfreada
E serenamos da derradeira investida
Na mansa plenitude da madrugada.
 
 

21 maio 2013

Arte Mar Estoril 2013













 
A exposição Arte Mar 2013 está patente no paredão do Estoril, entre 11 de Maio e 15 de Junho

05 maio 2013

Mãe



Foi teu o ventre que me alojou
Foram tuas as dores que me pariram
Foi na tua que a minha vida começou
Foram teus os primeiros olhos que os meus viram

Foi nos teus braços o primeiro embalo
Foi teu o carinho que alimentou
Cada dia deste amor que não calo,
Cada traço daquilo que hoje sou

Foram anos de aprendizagem e ternura,
Histórias, sorrisos, tristezas, alegrias,
De um percurso de amor que tudo cura:
Dores, lágrimas, incertezas, melancolias.

02 maio 2013

Somos


 
Sonho-te em mim, quando te ouço a voz.
A sua cadência acende-me o desejo, como quem encosta cerejas a  lábios sedentos.

A força infinita das palavras, nascente dum rio que se vai formando em mim. E tu sabes. Queres. Estimulas a nascente, antevendo a maré nossa.

Engulo em seco. Alinhamos respirações.

No prazer escorregadio da paixão calma, a intenção dos lábios assomando à pele. Junto ao pescoço. Sem tocar. Sentindo o calor. Que se propaga.

Continuas. Dizes, eu respondo. Ainda que com o silêncio. Escalada de fogo, pressentindo um prazer desmesurado.

Não dizes, eu adivinho. Procuro.

Sentes, vibrante, a forma como te presenteio.

Saboreamos.

O toque voluptuoso. O olhar meigo. O beijo quente.

O abraço que se repete, num jogo de ternura e fogo.

Ofegantes, queremos ficar nesta sedução até ao infinito. Aprendendo. Derramando mel e chamas lá, onde sabemos.

Encostamos, entreabrimos, entrelaçamo-nos. Desafiamo-nos, desenfreadamente.

Matamos saudades com uma perícia sensual, contida até ao insuportável.

Percorremos trilhos de pele e vocábulos incendiários, num jogo da glória sensorial.

Ondulando juntos, numa melodia silenciosa, gemida de prazer.

 Navegamos mares quentes, à bolina. As peles salgadas, os sentidos ao serviço do deleite.

Envolvemo-nos em fusão única, a delícia como nunca ninguém a provou.

O ritmo, improvisado a dois, ora rápido, ora manso. Voraz. Contido.

A ânsia. Desespero de querer e adiar. Cumplicidade sonhada.

Mudança estratégica. Nova abordagem. Volúpia centrada no eixo da táctica.

Mais. Tanto. Loucura. Entrega total.

As palavras a unirem corpos e vontades. Quase… Quase...

Até que deixamos de nos conter.

Asas a dobrar. Voo sincronizado.

Um canto gutural. Liberdade partilhada. Tremeluzente.

O estertor das réplicas, apaziguante.

Nunca como contigo o sossego foi tão sorridente, tão gostosamente prolongado.

O amor após o desvario. A conversa na acalmia, unindo mais que a sede voraz da paixão.

Essa voz que me embala. O ombro que me acolhe. A ternura que te consagro.

Somos.

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