07 julho 2007

Viagens Sentimentais




"Tudo em que o Tiago toca se transforma em escrita. Umas vezes é mais reportagem, outras vezes é mais literatura de viagens. Umas vezes é mais lírico, umas vezes ensaísta e quase historiador, outras épico, outras picaresco. Às vezes as saudades apertam e ele torna-se mero mortal apaixonado".
Assim se refere Luisa Costa Gomes ao Tiago, no prefácio de Viagens Sentimentais.

Na nota introdutória, o próprio Tiago serve um aperitivo delicioso: "Às vezes, quando faz sol cá dentro, considero-me uma espécie de homem ilustrado, tantas as aventuras (poucas as desventuras), tantos os encontros (e desencontros), tantos os anjos (e anjas)-da-guarda". (...)
"De resto, traz-me aqui, aos livros, uma vontade compulsiva de contar histórias, a mesma que me fez querer ser jornalista e andarilho- o ofício a que ninguém reconhece seriedade.
Desapertem os cintos e boas viagens".

Sobre o autor, digo eu que é um vagabundo das palavras, em busca do seu eu pelo mundo. Pôs em prática a paixão pelas viagens, delas fazendo o seu ofício. Em troca da grande maturidade que alcançou, tem pago o preço mais elevado que alguém pode pagar: acompanha o crescimento da filha ao ritmo que a profissão impõe e hipoteca o grande amor a quem, numa das viagens sentimentais, consagra palavras saídas directamente do coração, per sempre...
Se há alguém cujas experiências são dignas de serem publicadas, é ele. Se há escrita sentida e apaixonada, é a dele.

A todos os que amam os livros, apreciam viajar ou, como eu, anseiam por um período -nem que seja único na vida- de completa aventura, ao encontro de outras gentes e costumes, sem conforto, nem horários à ocidental, nem preconceitos, eu apelo à leitura desta obra.
A delícia proporcionada na evasão relatada é fiel e habilmente servida pela narrativa atenta, ritmada e conhecedora, de quem se aventurou com João Garcia numa escalada no Nepal, "coisa de manicómio ou de masoquista", de alguém que interiorizou as regras mongóis para montar uma tenda, que percorreu todo o trilho do Transiberiano e que é a mesma pessoa que inventa uma história para explicar à filha o que é o amor.
As eternas referências literárias (eternas porque são ao mesmo ao estilo do Tiago) e as fotografias, escolhidas a preceito, concorrem para a excelência deste testemunho.
Os agradecimentos, no final do livro, aos indígenas -sobre os quais diz "Não foram apenas passageiros. Fizeram a fortuna das viagens." -constituem um digestivo saboreável em qualquer momento e sempre memorável, pela riqueza espiritual de cada uma destas personagens reais.

Este post pretende apenas publicitar uma obra imperdível. Não é ainda a apreciação final sobre a mesma. Essa está na forja para daqui a uns dias. Porque o Tiago já me enviara o texto completo do livro, mas não escravizei a impressora com palavras não palpáveis. Preferi aguardar, para poder saborear o cheiro saído das páginas impressas dum livro novo, as imagens inspiradoras e o o relevo dum título rico em conteúdo. Como o Tiago e os que melhor me conhecem sabem, o prazer da leitura é, para mim, um prazer global, estimulante dos sentidos.
Para outra oportunidade ficará também o lançamento da obra-prima ("prima" no sentido de "primeira", entenda-se, pois estou certa que esta terá um dia irmãs de qualidade idêntica ou superior).







2 comentários:

De Amor e de Terra disse...

Fiquei tão curiosa!!!
E quando teremos o livro do Tiago?


Um beijo da

Maria Mamede

Filoxera disse...

O livro já está à venda. E o lançamento será no dia 18. Como poderá ler no próximo post.
Muito obrigada pelos seus comentários.
Um beijo para si tb.

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