18 novembro 2009

Grande susto!



- Bom dia, estou a falar com a mãe do Vasco?
(aperto no peito)
- Está, sim…
- Olhe, daqui fala a Isaura, da escola do Vasco. Eu estou a ligar-lhe porque ele caiu durante o intervalo e diz que está cheio de dores. Parece melhor levá-lo ao hospital para fazer um raio-x…
(minha cabeça à roda)
- … quer vir cá ou quer que chamemos a ambulância e vai ter ao hospital? Acha que pode?
- D. Isaura, nem sei que lhe diga. Agora estou tão preocupada... Ma sim, é capaz de ser melhor.
- Então nós chamamos a ambulância.
- Faça-me esse favor, então, e eu vou ter ao hospital.
- Esteja descansada, eu vou com ele.

Falei com o chefe, arranquei para o hospital. Pulso acelerado, pensamentos ainda mais acelerados. Será que fracturou? O que terá acontecido? Qual será o braço? Será o esquerdo, que é a mão com que escreve? Como estará ele? Assustadíssimo, de certeza… e cheio de dores, coitadinho do meu querido!
Eu, aquela mulher de sangue frio em situações pesadas, até me enganei no caminho. A chuva, densa como nevoeiro, escondia-me o percurso, os vidros embaciavam e eu desliguei a música e liguei o ar condicionado.
Queria contar a alguém o sufoco, desabafar. Mas hesitava. Não iria espalhar preocupações vãs? Liguei só ao pai, alertando-o que talvez fosse só uma medida de precaução.

Cheguei. O Vasco ainda não tinha dado entrada. Fui esperar na rua, frente à urgência. A ambulância chegou logo a seguir. Dela vejo sair o meu menino, com ar triste e frágil.
Passo o braço em seu redor, mimo-o sem grande ênfase enquanto me inteiro do que se passou. Reparo que a zona do cotovelo está muito inchada. O pulso e os dedos também apresentam edema visível. Passada a papelada e a triagem, radiografia. “A senhora pode esperar aí fora”…

Sufoco.
Ele sai. Ninguém diz nada. Terá fracturado?
i-n-f-i-n-i-t-o-s m-o-m-en-t-o-s…
Chamam-no novamente. Precisam de fazer novas incidências. Desta vez posso entrar. Continuo sem informação absolutamente nenhuma. Será que partiu?

Ao regressarmos à urgência pediátrica, a enfermeira, nossa conhecida, informa que não partiu. “Isto hoje vai ser muito gelo e repouso”. Alívio.
Mas vai ser visto pelo ortopedista.
Não é mais que uma tendinite no cotovelo, mas requer tala. Após muito choro aflito, “não quero gesso!”, “quando é que eu tiro isto?”, saímos. Braço suspenso com uma tira de gaze. Pensamentos nas camisolas viáveis para os próximos dias, esperança que a consulta na próxima Sexta seja já para o aliviar daquele peso desconfortável.
A primeira noite foi interrompida mais que uma vez pelas dores. Agora, a rotina lentifica-se, seja no vestir e despir, no banho ou em qualquer outra tarefa. Mas o coração de mãe bate normal quando não está nestes momentos.


(este episódio aconteceu na passada Segunda)

13 comentários:

Carminda Pinho disse...

É assim amiga. De vez em quando somos fustigadas pelos medos e pela dor de ver os nossos meninos sofrer assim. Eu sei que nestas alturas se pudessemos transfeririamos as dores deles para nós, mas tal não é possível e, é essa a nossa dor mais profunda.
As melhoras do Vasco. Beijinhos para ti.:)

Maria disse...

Susto apanhei eu agora... mas no final vi que foi segunda-feira :) :) :)

Beijinhos ao Vasco.
Um abraço grande para ti

gaivota disse...

acontece... comigo foi mais que uma vez! lá ia uma ou outra de ambulância do colégio para o sta. maria e eu chegava primeiro... um pulso torcido, um pé torcido por ter caído um aparelho de aquecimento em cima, agora são os netos!
felizmente "mexem", e muito, estão vivos!
beijinhos

O Pai do Vasco disse...

Como pai gostaria de partilhar os meus contraditórios sentimentos desse dia.

Ao ver os olhos do meu filho, que acabou de passar pelo seu primeiro grande susto, o meu coração ficou todo apertado. Estava angustiado por ter chegado tarde, mas depressa reflecti que tinha estado sempre acompanhado pela estóica mãe no hospital. Perante os acontecimentos, consegui não pôr muita pressão no meu filho mas por dentro estava completamente angustiado.
Quando me despedi dele, julgando que seria até ao fim-de-semana, vi os olhos húmidos, como que a dizer não te vás embora, quero-te ao meu lado para ultrapassar este susto e estas dores. Com o olhar disse-me: - "Quero mimo".
Quando me separei deles fui-me abaixo e reflecti se não seria melhor voltar a estar com ele para lhe dar mais apoio neste momento sofrido. Assim, procurei ir ao encontro deles.
Ao nos reencontrarmos, senti no seu olhar alegria, embora um pouco contido pela dor e pelo mimo. Nessa noite, acabei por ficar para jantar com a minha família e poder ajudar nas pequenas tarefas domésticas, incluindo dar banho e a vesti-lo com roupas largas da mãe. Tudo se passou na presença da maior reivindicadora de atenção, a irmã do Vasco. Também, ela quis a minha atenção, o respectivo banho e a papinha na boca.

Foi uma noite muito complicada na gestão dos meus sentimentos, das minhas angústias e dos meus receios.

A OUTRA disse...

Filoxera:
Foi uma surpresa para mim, nada sabia.
Espero que tudo esteja a caminhar bem e o "valentão" esteja já melhor.
Abraço, Filoxera, e as melhoras.
Maria

tulipa disse...

Querida, espero sinceramente as melhoras do Vasco.
No meio do azar que aconteceu com o vosso filho, foi lindo ver a vossa partilha de emoções, cada qual à sua maneira. Mãe conta-nos o que sentiu, depois vem o Pai dizer como foram os seus momentos de emoção.
Blogues assim são uma raridade; cada dia que passa as pessoas escondem-se mais atrás de histórias não reais pois não querem mostrar nem partilhar os seus sentimentos.
Na minha opinião é assim que eu também fuciono, faço do meu blog como se fosse um diário com aqueles que me querem ler e partilhar dos meus momentos, sejam eles bons ou maus.

Até uma melhor oportunidade, deambulei por PARIS e já estou de volta...fugi dos temporais do Porto e de Lisboa, tudo por cá voou, ventos fortes e chuvas intensas e eu por lá passeando, feliz da vida.
Eu ADORO o Outono e nesta viagem vim maravilhada com as belas paisagens que esta estação do ano proporciona.
Fique bem.
Beijinhos.

Gi disse...

Ui, tantas coisas destas que tive!

Tudo acaba por correr bem. :)

Patti disse...

Fazem parte, esses sustos. Mas só descansamos quando estamos juntos deles e vimos que afinal não foi grave.
Um grande beijinho para ele e boa recuperação,

Carlos Albuquerque disse...

Foi para mim sempre um sufoco, quando eles eram miúdos. Hoje, que já os tenho adultos e pais, continuo na mesma!
O seu campeão, minha amiga, vai melhorar e depressa. Quem tem uma mãe assim é um vencedor.
Sensibilizaram-me os sentimentos expressos pelo pai.
Um beijo e abraço forte

BlueVelvet disse...

Tadinho do Vasco.
Ainda bem que foi mais susto que outra coisa.
Que as melhoras continuem.
Beijinhos

Braulio Pereira disse...

entendo o coraçao fragil da mae...

as crianças dao sustos mas .

nao passa nada..

saúdo cordial..

jo ra tone disse...

As melhoras para o Vasquinho.
Acontece
Bjos

Chousa da Alcandra disse...

Daranche sustos os filhos e tamén os pais. En ocasións pensarás que eres un "sanwich"; pero ti tranquila: segues a ser unha persoa!.

Beijos de tranquilidade pola alerta e de comprensión polo susto pasado

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