03 julho 2008

Lince-ibérico: o felino mais ameaçado no Mundo

O meu filho adora ver os programas do Odisseia sobre a vida animal. Até eu, que não perco, normalmente, tempo a ver televisão, se me deparo com estes documentários, não consigo descolar do ecrã.

Ontem, enquanto prestávamos atenção a um destes programas, dei por mim a falar-lhe da campanha que, em miúda, costumava ver nos combóios, pela defesa e preservação do lince da Serra da Malcata.
Na altura, o cartaz, que surge aqui no início do post, nem me cativava. Confesso que aquele ar de poucos amigos do bicho não me inspirava grande empatia. O que me tocou foi o facto de o animal se encontra em vias de extinção. Normalmente, em crianças somos sensíveis a questões do foro ecológico, às vezes com maior interesse do que os adultos.

Referi ao Vasco esta campanha e disse-lhe que depois lhe mostraria as fotografias do animal.
Eu sou assim; adoro histórias, lamento que as memórias se percam de uma geração para outra. Quem me conhece, sabe o quanto sou capaz de investir na investigação e no revivar de memórias.
A juntar a isto, a minha paixão por felinos lançou-me na pesquisa de artigos na internet acerca deste lindo gatinho, quase inexistente na Península Ibérica.

Fiquei a saber que em todo o mundo existem apenas 4 espécies de linces. O ibérico é um deles.
Há duzentos anos, estava presente em quase toda a península, e em algumas áreas do Sul de França.
Contudo, desde meados do século XIX, as populações deste felino começaram a diminuir, em resultado da acção do Homem e das alterações no habitat.
Apenas 2 ou 3 agregados populacionais poderão ser considerados viáveis a longo termo.
O lince-ibérico selecciona habitats de características mediterrânicas, como bosques, matagais e matos densos.

A sua alimentação é constituída por coelhos, mas, se estes lhe faltam, opta por consumir veados, ratos, patos, perdizes, lagartos, etc.
Trepador exímio, este felino é um animal nocturno por excelência. Cioso do seu território, um macho normalmente não partilha o seu espaço com outros machos, mas não se oporá a fazê-lo com uma ou diversas fêmeas.
Acasalam nos primeiros três meses do ano, tendo a gestação uma durabilidade entre 63 e 74 dias. O mais comum é nascerem 2 crias, mas o número varia entre 1 e 4, sendo que neste caso as lutas por comida acabam por condenar à morte os mais fracos, salvando-se apenas um ou dois. Ao fim de um ano de cuidados maternos, autonomizam-se e deixam o grupo familiar.

As ameaças à sobrevivência desta espécie são o desaparecimento gradual de populações de coelhos bravos, a pneumonia hemorrágica viral (que acabou por infectar os próprios coelhos, também), as armadilhas para caçar estes roedores, a destruição dos habitats mediterrânicos, os atropelamentos e, para vergonha dos homens, a caça ilegal…
Estima-se que, em todo o mundo, não existam mais de 150 indivíduos desta espécie. Em Portugal, está «virtualmente extinta», de acordo com a Quercus.

Um programa de reprodução em cativeiro está a ser desenvolvido em Espanha, onde existem já três centros de reprodução. Para tal, linces que estejam em subpopulações inviáveis terão que ser capturados. Em Setembro entrará em funcionamento um quarto centro, na Extremadura. Estes centros têm por objectivo não só a recolha de animais feridos e crias abandonadas, e a criação em cativeiro, com o objectivo de libertar posteriormente os indivíduos, mas também a salvaguarda da diversidade genética da espécie e o estudo da biologia e ecologia do lince, bem como as doenças que o afectam.

Por cá, o primeiro centro de reprodução de lince-ibérico deverá começar a funcionar no início de 2009. O centro será construído em Silves e resulta de um acordo de cooperação entre Portugal e Espanha. Pretende-se recuperar os habitats para poder reintroduzir o lince em quatro pontos da Rede Natura, como é o caso da Serra da Malcata, lá para 2011.
E agora, digam lá: não vale a pena desesnvolver todas as iniciativas de preservação destes "gatinhos"? Basta olhar para a foto abaixo, de três exemplares nascidos já em cativeiro, para não hesitar na resposta...

13 comentários:

A OUTRA disse...

Obrigada a sua chamada de atenção sobre o lince Ibérico, que há muito despertou a curiosidade de algumas pessoas.
Este animal tem sido empurrado para fora do seu meio devido aos incêndios, à caça, que levam mais rapidamente às alterações climáticas já instaladas e que já nada pode mudar, uma vez que a ambição comanda a economia daqueles que se esquecem que levam para o outro mundo somente o seu corpinho, por vezes imundo, devido a tudo que por cá fizeram.
Ninguém, mesmo nós não nos privamos de poluir, Sofia!...
Desde os nossos frigoríficos, computadores, televisões, carros, caça, lixo, plásticos, etc..., etc..., etc..., tudo mas mesmo tudo, juntando ainda os insecticidas que se infiltram na terra e contaminam os caudais subterrâneos, que alimentam rios, e oceaneos, não devem ter já concerto.
O homem deixou de ser Homem para ser somente uma máquina de fazer dinheiro. Vive em função do dinheiro que não leverá consigo e que fará com que o planeta que fica para trás seja cada vez mais um deserto.
Desde o seu início o Planeta como sabe sofreu várias mudanças climáticas, caminha a passos muito largos para outra. Esta demasiado rápida, mas encolhe os ombros e diz "quero lá saber?... já cá não estou nessa altura" ou então pensa que é eterno, superior e isso não o afectará.
Quando lemos que o deserto avança a uma média de 1km por ano, continuamos a leitura e pensamos que os cientistas são loucos.
Há coisa que não paramos um pouco para pensar nelas. Não temos tempo!
Mas temos tempo para protestar quando já não há remédio.
Espero que tenha sorte na difusão deste seu poste, eu estou a tentar por outro lado e por outra causa que em parte tem a ver com outro tema, mas que se completa.
Beijos
Maria

f@ disse...

A maldade do homen afasta os animais... esquece o ser humano que o animal é mesmo + puro e o melhor amigo seja ele gato,cão ou leão...
tb adoro felinos...
estes bébés da imagem do teu post são ternurentos e bonitos
bj das nuvens

São disse...

Estes três gémeos são uma fofura!!
Também lamento que se não preserve mais a memória.
Tudo de bom.

jo ra tone disse...

O lince é extremamente bonito, não haja dúvida.
A consciência humana leva a liquidar o que é raro para coleccionar.Além dos incêndios, são capazes de matar qualquer coisa que mexa num determinado habitat.
Deveriam preocupar-se, mais , por exemplo com os câes assassinos que destroem rebanhos inteiros em plenas serras. Estes podem matar todo o rebanho, para apenas comerem um animal, enquanto que o lince ou o lobo têem comportamentos diferentes, matam e comem para saciar a fome.
Vamos salvar o lince

Bjinhos

vieira calado disse...

Para mim, o seu texto é (quase) uma enciclopédia sobre o notável felino.
Fiquei a saber mais.
Obrigado.

Unknown disse...

As coisas que tu nos ensinas !

E que lindos são estes "gatinhos" !
Vou ver se trago um cá pra casa ! ;))

Alexandre disse...

Excelente documentário que aqui tens e que de certeza o Vasco um dia irá aproveitar para um trabalho para a escola, vais ver!

E a campanha é fantástica! Era bom que todos os pais tivessem estas iniciativas. Parabéns!!!

Muitos beijinhos, Filoxera!!!

Entre "linhas" disse...

A fúria do Homem é suprema,devassa a passos largos o que a mãe Natueza nos proporciona.
Quantas espécies or este mundo em vias de exinsão devido ao egoísmo do Homem..
Adorei este post.
Bom fim de semana amiga
Bjs Zita

Rui Caetano disse...

Uma boa lembrança, uma luta corajosa e pertinente.

António Inglês disse...

Óptima leitura sobre o lince da Malcata de que sabia pouco ou nada.
Um bom fim de semana
António

BlueVelvet disse...

Tens toda a razão: basta olhar para os gatinhos acabados de nascer...
Que desapareçam por causas naturais, ainda vá.
Mas por caça...dá-me uma raiva
Adorei ver o cartaz antigo.
Beijinhos e bom domingo.

Elvira Carvalho disse...

Excelente texto. Os homens não se preocupam com a extinção de outras espécies. Esquecem que a cada espécie que se extingue é um passo em frente para a extinção do próprio homem.
Um abraço e uma boa semana

Anónimo disse...

Fantástico texto, parecia que estava a ler um artigo na National G.
Infelizmente uma das muitas espécies em vias de extinção.

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