Terminei a leitura do livro que serviu de base ao argumento
para o filme que estreia esta semana, sobre uma professora a quem, aos 50 anos,
é dito que sofre de Alzheimer.
O livro é duro? Nada, quando comparado com a realidade.
Ficamos com uma leve ideia do que será o declínio.
Não assistimos aos acessos de agressividade. Ao isolamento a
que o doente e a família são condenados. Não sofremos ao ver alguém que amamos
enfiar uma mão num tacho com água ao lume ou numa tomada. Não presenciamos as
quedas, o uso de fraldas, os conflitos familiares que desencadeia.
Não tanta coisa…
Ainda assim, aconselho.
Sobretudo para quem ainda tem a desfaçatez de fazer piadas
acerca de Alzheimer. Não é uma amnésia. Não é “só” desorientação, perda da
capacidade de cálculo. É tudo. São infecções respiratórias recorrentes,
seguidas de infecções urinárias. É descoordenação motora, incapacidade para se
alimentar ou beber, uma total ausência da realidade, presente ou passada.
É a falta de respeito de quem desconhece. É a morte antes da
morte.
Não há por que lutar.
Porque, quando alguém que amamos tem Alzheimer, a esperança
é a primeira a morrer.
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