As emoções supremas não se confinam às palavras.
Sorrisos que traduzem encanto. Pulos saltam de alegria.
Lágrimas de dor ou de despedida.
O descompasso da caixa de ressonância ansiosa.
As pálpebras subitamente escancaradas do susto e as que se
fecham sobre a desilusão.
Mãos encontrando-se na cumplicidade.
Peles magnetizadas que se atraem. Respirações em crescendo
uníssono.
O carinho do colo. A entrega da confiança. A partilha da
amizade.
O abraço da ternura.
A rajada emanada pelo olhar furioso. O esgar da repulsa.
Toda a tensão da revolta.
A enorme fragilidade da tristeza arrastada. O poder
incomparável da realização.
O peso do arrependimento. A perda melancólica da saudade.
As palavras encolhem-se, impotentes face à afasia poética
dos sentimentos.
Falamos com amigos, conhecidos.
Sentimos com quem nos é querido. Relacionamo-nos no
silêncio, no toque ou à distância. Pelos movimentos de pálpebras como pelo que
não se diz.
2 comentários:
Tensas, as relações sociais em tempos de ruídos. O silêncio torna-se depressa a ilha desejada, por um lado música, por outro lado, solidão.
Beijo
Em sintonia, qualquer veículo de comunicação funciona, mesmo o silêncio.
O teu texto é brilhante, gostei imenso.
Um beijo, querida amiga Filó.
Enviar um comentário