17 abril 2015

Ao meu pai, num aniversário que já não comemoramos...


Já sei que quem amamos não morre. Acompanha-nos sempre.
Mas -caramba!- há datas em que sentimos mesmo a sua falta física. Pois quem é que não deseja, acima de tudo, poder abraçar os que ama?
O meu pai faria anos hoje.
Eu far-lhe-ia um bolo, cujas velas sopraria na companhia da mulher, da filha e destes netos.
Assim, passarei o dia observando o meu filho numa competição de surf, enquanto irei tendo uma conversa surda, que ninguém ouvirá, com o meu pai. Os nossos diálogos dispensam, já, as palavras.
De resto, não era homem de grandes falas. Era mais de ouvir. Não me elogiava directamente. Orientou-me, como qualquer pai -verdadeiramente pai- orienta. Louvável atitude, para quem cresceu sem pai.
Deu-me conselhos, a maioria dos quais não pedi. Mas segui-os.
Aprendi, com o seu exemplo, a justiça, a liberdade, a coerência, a perseverança, a responsabilidade, o espírito crítico, o brio, o gosto pelo saber, a ajuda.
O meu pai foi o meu primeiro orgulho. Um herói com pés de Barros.
Tanto do que sou provém dele.
Foi pouco, o tempo que tivemos. É sempre pouco, quando se ama.
Mas valeu tanto!
Hoje, o meu coração dói, de tão inchado. Saudade e orgulho, em doses equivalentes.

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