25 agosto 2007

Meu amor:
Vens ter comigo quando sentes o meu olhar baixar e envolves-me com os braços e com palavras. Repetes a candura do companheirismo, o olhar de confiança, a faísca do toque. Somos cúmplices nas preocupações e nos projectos, siameses unidos pelo coração.
Temos saudades de tudo o que ainda não fizemos juntos.
Dormimos como vivemos: unidos. E acordamos quentes.

Se fosses mais que um sonho, eu seria feliz.

24 agosto 2007


Ainda não cheguei onde queria chegar. E já passei por muito mais do que queria passar...
Não gosto de mensagens publicadas nos blogs a anunciar uma pausa para férias. Curioso!... Desta vez sou eu que anuncio. Não uma pausa para férias. Antes fosse...
Muito tinha eu para aqui vos deixar, se o momento fosse oportuno. As belas tiradas, fruto de insónias recentes, estão a salvo algures. Leitores, amigos: estou cansada, o sono oprime-me. Mas prometo que o silêncio será sempre tão breve quanto estiver ao meu alcance um computador.

21 agosto 2007

Hora de balanço


Mais um ano cumprido. Este, comprido.
A metade radiosa da minha vida, a estrear, pelezinha suave e sorriso reluzente, já era. Terei de contrariar a tendência se quiser que a segunda metade não seja muito reflexo de declínio, sobretudo moral.
No meu balanço, recordo que já plantei uma árvore, pari dois filhos e não escrevi nenhum livro. O balanço não deu superavit; só o dará quando as metas forem superadas.
Lembro-me do que a vida me ensinou de mais importante:
1- que perdemos uns amores e ganhamos outros, mas acumulamos todos; os que se perderam, seja por que circunstâncias for, também ficam gravados em nós.
2- que a discriminação existe, sobretudo no que toca ao género.
3- que quem nos ama pode proceder, por vezes, da pior forma para connosco, mesmo os nossos pais.
4- que, aos 35, o sonho pode ser exactamente o mesmo que aos 15.
5- que quando sofremos deveras é quando sofremos sozinhos. E todo o sofrimento tem uma componente de solidão. E a verdadeira dor é a que nos acompanha diariamente, camuflada.
6- que a maior cumplicidade que já pude experimentar é a de recém-mãe, na primeira noite passada na companhia dum recém-nascido.
7- que quem vive preocupado com o que os outros vão pensar é, justamente, quem mais julga os semelhantes.
8- que o autêntico deslubramento provém dos filhos ou da Natureza.
9- que, por vezes, é mais fácil desabafar com quem não conhecemos bem.
10- que a ruína dum investimento económico nos desequilibra menos que um investimento emocional defraudado.

20 agosto 2007

O meu pequeno poeta brilhante

Eu, para o meu filho, quando ele se saíu com mais uma das dezenas de patetices diárias:
- Sabes que mais? És um chato!
O meu filho para mim, com um sorriso malandro:
- E tu és uma luz... que brilha!
Pedi-lhe, com ar surpreso, que repetisse o que acabara de dizer. Ele, meio espantado, repetiu, com aquele ar de quem finge vergonha:
- És uma luz, que brilha! (dito com o tom infantil dos quatro anos que ainda não sabem pronunciar os "r").
Eureka! A minha cara encheu-se num sorriso aberto, como só os apaixonados ou as mães ou pais babados conseguem ostentar.
Qual desemprego, qual mágoa, qual abatimento, qual preocupação... Xô!

As viagens do Tiago

Já acabei de ler o livro do Tiago. E preparava-me para escrever aqui mais um enooooooorme texto, como quando o comprei.
Mas, desta vez, não; a folha onde anotei os tópicos e respectivas páginas resolveu partir, também ela, em viagem, como o viajante Salazar.
Quando a reencontrar, lançar-me-ei em considerações mais alongadas sobre os momentos poéticos, as divagações pela História, os apelos papilares e todos os pormenores da escrita do andarilho.
Por hoje, fico pelo último texto, consagrado a essa Florença que ainda não conheço.
Seja pelo modo arrebatado como é descrita, seja pelo entrelaçar de mindinhos ou pelo brinde com discurso que o Tiago herdou do meu pai, seja pelo que for, chorei. Ou então sou eu, a eu dos últimos dias...
Continua, Tiago. Parabéns!

19 agosto 2007


Sinto-me como aquele rio sobre o qual Brecht dizia: "Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem".

10 agosto 2007

Ao Pedro, d'A Qualidade do Silêncio


Ontem, à hora de me deitar, sentia que necessitava de uma leitura que me favorecesse um sono tranquilo. Pensei, pensei e, a princípio, nenhuma das ideias que me ocorriam me parecia a escolha certa. Até que me lembrei de levar para a cama o Pedro. De papel, bem entendido. Assim como quem se lembra de levar para a alcova a Isabel Allende ou o Lobo Antunes. Dirigi-me à estante, onde o Neves vem a seguir ao Namora, e fui namorar as palavras de papel onde o espelho, espelho do Pedro me acompanhava.
Percorri, num relance lento, pausado e saboreado, o coração, "muito mais que a sombra do corpo". A pele, "com o fulgor das supernovas deflagrando ao primeiro sinal de fogo". O olhar, "isento do lume desses dias". As mãos ("choro amordaçado de uma dor") no peito, "essa enseada de calor brando" (...) "onde vinhas esconder-te". Os dedos "tardam a reaprender os lugares da pele". A temperatura "era o desejo", as veias "respiram a lembrança do fluir". O sangue onde "se decidiam os gestos e as carícias", a boca, que falava com o coração.
Porque a poesia é para ser interpretada pela sensibilidade de cada um, e porque eu gosto do Pedro, retirei da sua poesia as réstias de amargura e nostalgia e sublinhei a vertente mais ténue, a da sensualidade.
Sugiro que cada um leia "Chiasco", munido da sua própria sensibilidade, já que eu aqui apenas deixei uma sequência saltitante de ideias, deixando o tesouro do sentido destes fragmentos à descoberta de cada apreciador de letras.
Assim, talvez não seja só eu a apelar ao Pedro para que, quando for "para a noite como um louco a atirar pedras à lua para que se apague", avise. É que a ideia, surgida num breve relance, parece-me um desafio divertidíssimo...

07 agosto 2007

A história anda a rondar-me. Sorrateira, insinua-se lenta mas decididamente.
Entusiasma-me, incomoda-me, faz-me perder o sono (se alguém o encontrar, por favor, devolva-o a esta dona, que promete não lhe impingir grande sermão).
A história é longa e é antiga. Misteriosa. Muito apaixonante.
Persegue-me.
Faz-me empenhar horas e horas em pesquisas, inúmeras perguntas.
Eu respeito-a. Sei que já conquistou este espaço. Tem, portanto, o direito de caminhar ao meu lado, agora, sempre. É como que a minha sombra.
Sei que ela não sairá jamais da minha tangente sem que eu a liberte.
Só posso libertá-la expondo-a. E quero fazê-lo. Mas há algo em mim que a contempla, a idealiza, num platonismo infindo. É o meu namoro.
Pois. Ensandeci! Agora namoro fantasmas...
Como explicar que há empresas grandes demais para se encetarem sem muita maturação? Requerem dedicação, aprofundamento, uma intimidade total. O envolvimento inicial é apenas o começo. Não da história; talvez do prólogo.
Nada de pressas, portanto. O casamento poderá dar-se ao fim de anos. Mas quero que seja um casamento feliz.
Vou respeitar as datas, viver os locais, ser fiel aos personagens. Será respeitada a privacidade e o anonimato. E, por não ser historiadora, a fantasia também terá alguma margem de acção neste romance.
Ele está sempre aqui, ao meu lado. Mas, por enquanto, só eu o vejo...

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