Quero-te tanto que nem me sei declarar.
Quero-te tanto e sempre, a cada instante,
Quero a tua voz, o teu cheiro e o teu olhar,
Que me aprisionam num desejo distante.
Quero-te no verbo de curto e longo alcance,
Quero-te em sonhos, amor não correspondido.
Quero viver na tua pele o meu romance,
Na tua boca, o meu poema proibido.
Quero-te na cadência lenta e voluptuosa
Duma dança entre lençóis e fantasia.
Quero fazer do teu calor a minha prosa,
Dos teus murmúrios, a nossa poesia.
Confino-me à paixão platónica, secreta,
Prisão feliz de grades invisíveis,
E sonho-me num cárcere de poeta:
Os teus braços, carcereiros apetecíveis.