27 janeiro 2016

Era Inverno


(foto cedida pela minha amiga Fátima C.)


Comecemos pelo fim. 
Pelas magnólias.
Era Inverno, lembras-te? Não parecia, mas era Inverno.
Não parecia haver muita gente, mas havia. E havia cães, surfistas, o mar com sets de encaracolar, a luz de encandear. A conversa a calar e a sobrar.
Era um Inverno de derreter gelados. Uma música só audível por um curto lote de eleitos. Os designados pelos deuses que regem as rotações do planeta numa escala menor que a dos seres que nele habitam. Porque aos seres, uma centelha basta e está um novo mundo a começar. Uma palavra. Uma audácia. 
Um universo multicultural com tantos pontos de intersecção quantos os que duas circunferências podem ter. É como no tango: dois. Basta.
A linguagem corporal não precisa de tradutor nem de revisor.
Um mais um continuam a ser dois. Até aí, ainda sei.
Não sei como viemos aqui parar. Mas era um dia de magnólias. E era Inverno.

23 janeiro 2016

Máximo Dez Unidades


Esta é uma história de encanto à primeira vista.
Comecei a ver “Máximo Dez Unidades” porque sou fã do Morgan Freeman. Depois fui ficando. Enlevada, por uma série de motivos.
Estava a precisar de renovar energias, num dia de novelo interior. Esta história, duma subtil ternura inesperada, foi o palpite certeiro. 
Deixei-me sorrir em crescendo, num enamoramento completo. A música. O argumento. Os pequenos dramas humanos. A graça. Os contrastes. A lei da imprevisibilidade.
Esqueçam tudo o que aprenderam sobre relações humanas. As amizades improváveis só acontecem se se vive de mente e coração abertos. Mundos distintos convergem num universo em expansão porque tem de ser. Há coisas que não obedecem à racionalidade.
Podia enumerar dez razões pelas quais me apeteceu rever este filme logo de seguida. Gargalhadas súbitas constantes, o ritmo musical que se insinua sob a pele como uma paixão recém-chegada. O sorriso, sempre. A lei suprema do enamoramento.
Os amores não se explicam. Sentem-se. Transportam-se intimamente, à vista de todos.
Um entretenimento sem enredo de amor, sem cenas de sexo. Experimentem. Um Morgan Freeman a fazer de si mesmo, uma Paz Vega que, num momento de contrariedade, conhece quem vem a desconstruir a sua ideia de tudo. Que a vida está a começar sempre. E os encantos também.

11 janeiro 2016

David Bowie


Viveu intensamente.
Descobrir o dom é só o início.
Depois, vem a perseverança. O êxito não goteja do ar.
Os artistas (em qualquer escala) têm montanhas-chinesas, ou lá o que é, de humores e de momentos. A criatividade é um dom exigente mais exigente que um bebé. Com um adversário: o chamado “sistema”, sociedade, o que quiserem chamar-lhe. Burrice, por exemplo.
Morreu com estilo. Um safanão que mexeu com o mundo. Como ele sempre mexeu.
Como continuará.
Não foi um menino-pop do momento, uma estrela postiça do consumismo imediatista. Foi um criador arrojado, um homem-camaleão, alguém que fica. Na música, como cantor, compositor, músico dos N instrumentos, produtor, no cinema como actor. E pintou.
Crescemos com a sua imagem mutante, a sua música inovadora, os visuais extravagantes.
Faz parte das referências da minha geração. De outras, também.
Hoje, até os nossos filhos ouvem David Bowie. Em lição caseira. Das que mais contam.

05 janeiro 2016


O nunca mais e o para sempre.
O ruído de fundo e a banda sonora.
O muito escolher e o pouco acertar.
O querias mas já não há.
A vida a fintar-nos e nós a brincarmos com ela.
Nunca é/há tempo para nada e estamos sempre a tempo de tudo.
Um contrasenso que acordámos desde o momento em que respirámos pela primeira vez.
Uma aventura muito séria, vivida com humor.
Vê melhor quem ri por último. Ou será “Em Agosto, toda a fruta tem gosto?”...

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