29 maio 2011

Sei-te hoje como há tantos anos te soube,

Sei o tom e a cadência da tua voz,

Sei o que dissemos e o que no silêncio coube,

Sei tudo e tanto, quando as emoções somos nós.



Sei de ti o riso, o calor, o olhar penetrante.

Palavras certas, lançadas meio sem jeito,

Sobre o encanto dum passado já distante

Agora afecto presente, mais que perfeito.



Tatuado em mim, sei-te mais que amigo

Poema de magia feito de imagens,

Cerimónia doce, porto de abrigo

Marés de ternura e de viagens.



Somos sina escrita no firmamento

Em quinhentos anos de cumplicidade,

Sonho profético de todo o momento

Tornado pequeno pela realidade.

24 maio 2011

Resgata-me a alma deste espaço vazio

Oferece-me alento num beijo roubado

Embrulha-me o corpo, sacode-me o frio

Num abraço de saudade, há muito adiado



Pousa a tua ternura toda neste peito

Derrama fogo e mel em vasto desvario

Ensina-me os teus trilhos, percurso perfeito

Onde renasço, ávida, em constante arrepio



Depois, ah!, depois deita-te no nosso espasmo

Cerimónia cúmplice de quietação

Que abranda, por momentos, o entusiasmo

De uma noite quente de luar e paixão.

20 maio 2011

Arte Mar Estoril- 3ª Edição

No Passeio Marítimo do Estoril
Labirinto
Watch Out
Casa do Mar
O Poder dos Limites
Bóia de Silêncio
Cubo de Rubik
Espíritos do Mar

Pelo terceiro ano consecutivo, está patente no Passeio Marítimo do Estoril uma Exposição Internacional de escultura.
Este Passeio Marítimo é um dos locais onde vou, regularmente, para passear a pé junto ao mar.
Nesta época do ano, ao som do mar, à paisagem que adoro a às gaivotas, junta-se o prazer de apreciar esta iniciativa.
Não vou deixar aqui a descrição de cada escultura; limito-me a transmitir-lhes o que vi.
As obras estão expostas até ao dia 15 de Junho e pode eleger a sua favorita em http://www.cascaisatlantico.org/

16 maio 2011

Quando sinto um mar de mim extravasar,

Quando os passos me levam para outro lugar,

Quando construir vale menos que arrasar,

Sei que é chegada a hora de acabar.



Sempre que tudo à minha volta é nada,

Sempre que a boca permanece trancada

E a poesia morre em mim, asfixiada,

Sei que a alma me ficou avariada.



E não me digas que sabes o que sinto,

Pois a verdade é mais crua do que a pinto

E a nossa história, emoção pura que esqueceste.



Foste um milagre que eu não pedi,

A mais bela sinfonia que já ouvi,

Mas desaprendi o amor que me fizeste.

13 maio 2011

Foram semanas de expectativa, noites de sonhos acordados.
Agora, os olhares invadem-se, as bocas procuram-se. O desejo desvenda-se no galopante compasso de peles que se encontram, numa ânsia carinhosa.
As tuas mãos demoram-se num ritual sublime em que me despem e eu deixo-me despojar e retribuo a audácia, a ternura.
Dedilhas, calmamente, cada poro meu, despertando as cordas que vibram cá dentro. Sou um corpo que acorda nos teus beijos húmidos e se renova no desejo electrizante de quem percorre, pela primeira vez, um trilho delicado.
Busco-te, no pulsar do sangue que me aquece a vontade e me tolda a razão. Descubro-te recantos macios, de aroma doce, que anseiam pelos meus beijos, pela entrega mútua.
Embalados pela dança que amplia prazeres desmedidos, murmuramos segredos ébrios de quem se guia pelos sentidos.
Completos, detemo-nos na improvável acalmia de amantes recém-descobertos. Sorridentes.


(foto oferecida por um amigo)

08 maio 2011

Não se pode prever o momento dum reencontro.
É algo que acontece, não nos é perguntado. Mas também não teria a mesma graça…
Só assim nos podemos rir do que se passou há metade de uma vida. É bom, rir contigo, numa época que ameaça acabar com o riso.

É ainda melhor sentir a presença constante de alguém com quem já só contava na memória.
Não te limitaste a captar a minha atenção. Não; tu raptaste-a!
Os jogos de palavras (seres com vida própria que te escapam e que eu agarro), as músicas que já dançámos e as que ainda não vivemos, as vidas trocadas por miúdos -e miúdas- ,os subentendidos e os muito bem entendidos.

As conversas ao telemóvel a alongarem-se para lá do limite legal, os projectos de retomar a cavaqueira com os olhares daquela idade e a maturidade desta (mesmo sabendo nem os olhos nem os seus donos são os mesmos)...
E os segredos? Bem, os segredos são o teu ponto forte :-)
Ninguém espera estes anos todos para contar segredos do calibre duma Remington. Vê se arranjas uns dignos de uma Browning, sei lá, qualquer coisa de maior impacto que me faça, a mim (que tenho certamente cara de padre: sou fiel depositária dos segredos mais mirabolantes que toda a gente parece querer despejar justamente na minha pessoa) ficar de queixo caído.

Alcunhas postas de parte, juízos deitados por terra, só te digo: pára lá de pensar nesse handicap e vê se dormes.
Mesmo com a mente cheia de subentendidos e muito bem entendidos.
Ah! E, claro, de segundos sentidos :-)


04 maio 2011

Vivemos silêncios feitos de gritos

Dores de amor em espasmos aflitos

Espaços de nada, presentes em tudo,

Vazios de ti, de nós, num tom mudo.


Vivemos distâncias de tempo e de espaço

Onde me escondo e me desfaço

Subtraímos horas ao correr dos dias

Escondemos ocasos feitos de alegrias.

01 maio 2011

Dia da Mãe

Comecei a ser mãe em Março de 2002. No Dia da Mulher soube que estava grávida.

O sonho vinha… desde a infância. Sempre houve esse imperativo da vontade: ser mãe, um dia. O que veio a acontecer a 26 de Outubro.

Hoje, sou-o em duplicado. Sou a mãe mais babada que se possa imaginar. Não só por ter realizado o sonho de sempre, como também por ele me ter acontecido exactamente na medida e na forma que o idealizei. E são lindos, os meus filhos. Inteligentes, alegres, equilibrados, carinhosos, criativos, cheios de vida, sensíveis, altruístas. Verdadeiros tesouros. A vida com eles é uma aventura. Uma prova de resistência. Um poema eterno. A ode perfeita ao amor.

Não pretendendo ser uma mãe exemplar, apenas desejo que o futuro me permita conservar a qualidade da relação que tenho com eles. Eles são a minha realização mais-que-perfeita, o amor incondicional que eu, mãe sempre aprendiz, cheia de defeitos, vivo até às lágrimas. De emoção e orgulho.

Muitos pais e mães vêem nos filhos extensões de si mesmos. Não penso assim. Eles são eles, desde o momento que se tornaram gente. Nas características genéticas, ora parecidas ora radicalmente únicas, nas personalidades, na vida. Cedo os instiguei a serem emocionalmente dependentes mas funcionalmente independentes. Até agora, parece que esse desígnio tem resultado.

Por fim, mas não menos importante, agradeço hoje às três pessoas que me conferiram o estatuto de mãe: os meus filhos, Vasco e Mafalda, e o pai deles.

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