28 abril 2009

O Escrito a Quente completou dois anos


Foi no dia da Liberdade.
Mas como não tenho tido plena liberdade na gestão dos meus dias, nada disse nessa data.
Até porque preparara já um post (embora minimalista) acerca do 25 de Abril.
Como nunca é tarde para comemorar, aqui fica o meu abraço para todos os que, ao longo destes dois anos, se tornaram leitores deste espaço.
As circusntâncias pessoais têm-me mantido longe da blogosfera. As palavras que vos deixo não são em tom alegre. Mas não esqueço as amizades aqui iniciadas e alicerçadas.
Obrigada a todos.

23 abril 2009


Há três anos, saía do Cemitério do Alto de S. João com uma barriga de oito meses e uma caixa metálica na mão. Continha os restos do meu pai. Cinzas. Ao que se resume uma vida…
Éramos poucos, na hora do adeus. E eu martirizei-me por me ter esquecido de te dizer “adeus” quando o caixão rolou para dentro do forno crematório. A palavra que eu não gosto de pronunciar, que eu reservo para estas despedidas definitivas, e eu a esquecer-me dela no momento em que desaparecias da nossa vista…
Vi o que restava de ti antes de se selar a pequena urna. Ouvi o desfazer daquilo que o fogo não desfizera. Foi duro…
Ainda o é.
Mesmo a imagem das tuas cinzas a voarem, embaladas pelo vento da maresia, embora sendo uma imagem de liberdade, ainda dói. Mas foi feita a tua vontade. Restituímos-te a liberdade. E eu disse-te, finalmente, “adeus”…

(post programado; continuo sem internet)

21 abril 2009

Foi há três anos.
À noite, despediste-te duma vida que já não era vida.
Deixaste-me órfã de pai, continuando a acompanhar-me a cada minuto, porque foste um pai extraordinário.
Curiosamente, também eu estou a largar uma vida que já não era vida. Mas para começar de novo. Contigo no coração e com muitos amigos a ajudarem-me. A todos eles, que não vou nomear pelas razões que sabes, sei que estás grato, tal como eu estou e estarei sempre.
Orgulho-me de ti. Contigo aprendi a verticalidade. A coragem, a determinação.
Até um dia, pai...
(há um ano, o post foi mais "leve", mas hoje não tive essa capacidade...)

17 abril 2009

Hoje era o teu dia

(repito a foto que publiquei há um ano, dado que não tenho nenhuma outra do meu pai sozinho em formato digital e já não disponho de scannner)

A vida é um momento minúsculo no tempo do Universo.
Por isso, não tardará para que estejamos juntos nesta data que era a do teu aniversário.
Até lá, acompanha-me a figura de um pai especial, um homem recto, justo, culto, determinado e com uma sensibilidade muito própria.
A falta que tu me fazes!... Mas sei que estás em cada onda, em cada partícula do ar de Abril, em cada flor que da terra nasce. Porque no fim te devolvemos à liberdade.
Parabéns! Parabéns! (o resto fica entre nós, há mensagens que vão directas...).
Hoje soltarei para o ar um beijo. Com ele, o meu amor eterno.

14 abril 2009

Salir Corriendo


(foto do André)
Nadie puede guardar toda el agua del mar
En un vaso de cristal¿
Cuántas gotas tienes que dejar caer
Hasta ver la marea crecer?
Cuántas veces te ha hecho sonreír?
Esta no es manera de vivir
Cuántas lágrimas puedes guardar
En tu vaso de cristal?
Si tienes miedo, si estás sufriendo
Tienes que gritar y salir, salir corriendo
Cuántos golpes dan las olas
A lo largo del día en las rocas?
Cuántos peces tienes que pescar
Para hacer un desierto del fondo del mar?
Cuántas veces te ha hecho callar?
Cuánto tiempo crees que aguantarás?
Cuántas lágrimas vas a guardar
En tu vaso de cristal?
Si tienes miedo, si estás sufriendo
Tienes que gritar y salir, salir corriendo


(letra da canção Salir Corriendo, dos Amaral)

11 abril 2009

Feliz Páscoa

(foto de um trabalho da minha mãe)

A todos desejo uma Santa Páscoa. Não que seja católica, mas porque qualquer tradição é bom pretexto para comemorar.
E digo "santa" porque quem a vive em família e em paz pode sentir que passa, realmente, uma Santa Páscoa.
Um abraço aos amigos que por aqui costumam passar.

05 abril 2009

Parabéns, mano!

(o meu irmão, segurando a minha filha)


5 de Abril.
Mais uma vez, estás de parabéns.
Lembro-me de ser criança e tu adulto, pai. Pai muitas vezes.
A minha primeira sobrinha, nasceu antes de eu completar dois anos. Depois veio outra. E outra. E outra.
Dizia a minha cunhada que "a fábrica só fecha quando vier um rapaz". E um dia, quando a mais nova das meninas tinha quase quatro ano, veio. Nasceu o primeiro de quatro meninos.
A casa nunca foi grande, mas sempre cheia de vida. Muito trabalho, muito riso, muito choro, muita preocupação.
Eu e a minha sobrinha mais velha ríamos quando ela afirmava às amigas que eu era irmã dela. Com a segunda, partilhei algumas festas de aniversário (nascemos uma a 20, outra a 21). A terceira já foi "falada" neste blogue por motivos tristes. A quarta é a menina/mulher mais calma que conheço.
O meu primeiro sobrinho deixava os sapatos no meio da rua aos três anos e seguia descalço, pelos paralelos do Porto. O segundo era o menino dos mimos, sempre "enroscado" na tia. O terceiro, terrorista e sempre a esgueirar-se, é hoje, como a irmã mais nova, o mais calmo miúdo de dezoito anos que conheço. Paciente com toda a ganapada da família, que já vai noutra geração, a dos sobrinhos-netos (11, quase 15!). Por fim, o mais novo, que é também o mais alto e o melhor aluno.

Sempre repudiei a adeia de chamar meios-irmãos aos que não têm em comum pai e mãe. Ninguém é meio nada. E o meu irmão é meu irmão em tudo: nos traços fisionómicos herdados do pai, na sinusite, nas ideias firmes. E, sobretudo, no coração.

Curiosidade: temos 17 anos a separar-nos, que é incomum mas que se repetem várias vezes em vários irmãos da família, de diferentes gerações. Mas isso dará outro post...
Hoje, só quero deixar aqui os parabéns ao meu herói. Quanto mais me apercebo da tarefa que é ser mãe, mais admiro o clã que o meu irmão e a minha cunhada criaram.
O passar do tempo aproxima-nos, fazendo convergir aquilo que a distância tenta separar. Estou contigo. Hoje, mais do que alguma vez. Tu sabes.
E, como hoje ainda não to disse: GOSTO MUITO DE TI!



01 abril 2009

Axolote

Há menos de um ano, na minha anterior ida ao Jardim Zoológico de Lisboa, fiquei pasmada perante um animal que nunca antes tinha visto e que apreciei no reptilário deste Zoo, como podem ver aqui.

Deixei apelos em blogues dedicados à vida marinha, mandei emails a pessoas cujas profissões as liga à biologia, nomeadamente a marinha, mas nunca me disseram com total certeza de que bicharoco se tratava.
Ora, como sabem, regressei ao Zoo e tive o prazer de ali me demorar mais que qualquer outro visitante, deliciada com tamanha extravagância aquática. Se fosse um homem, dir-se-ia amor à primeira vista, dado que nunca mais deixei de matutar nesta criaturinha. Mas, sendo um bichinho, só posso dizer que me deixou embeiçada pela curiosidade. Reparem bem: completemente submerso, com costelas e pulmões, albino e com brânquias rosa. Existe coisa mais extraordinária?
Hoje, sinto-me no dever de deixar aqui a lição que eu fui colher à fonte, a tabuleta do próprio reptilário ao lado deste ser tão sui generis.


AXOLOTE

Habitat: lagos de água doce, com fundo escuro e vegetação abundante.

Aspecto larvar mesmo no estado adulto (neotenia).
Comprimento total: até 30 cm. Distingue-se pela presença de três pares de brânquiasexternas plumosas nos dois lados da cabeça. Apresenta barbatana caudal desde a parte terminal da cabeça até à extremidade do corpo. Os membros são curtos e fracos, constituidos por cartilagem. Pulmões rudimentares. A pele é escura, podendo estar entre o cinza e o castanho, muitas vezes com manchas. Indivíduos albinos são comuns. Apesar de anfíbio, é uma espécie exclusivamente aquática durante toda a sua vida. São agressivos entre si, podendo morder e mutilar partes de outros indivíduos com as brânquias ou os membros. Têm, no entanto, grande capacidade de regeneração de tecidos e mesmo órgãos. Dieta: alimenta-se de quase tudo que consiga caçar: insectos aquáticos, moluscos, artrópodes, peixes.
Reprodução: espécie ovípara com reprodução interna. O macho liberta pequenas bolsas cónicas de espermatozóides e atrai a fêmea até ao local. Esta, aproxima-se e recebe uma parte através da cabeça. Época de acasalamento: pensa-se que varia consoante a temperatura da água. No habitat natural, pode ocorrer entre Dezembro e Junho. Postura: cada fêmea pode depositar entre 200 a 1000 ovos por postura, dependendo do tamanho da fêmea. Os ovos aderem à vegetação do meio devido ao revestimento gelatinoso que os cobre.
Duração da metamorfose: não ocorre espontaneamente, no entanto pode ser induzida artificialmente. Maturidade sexual: cerca de 12-18 meses.
Estado de conservação: Criticamente em perigo (segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza). Principal ameaça: redução do habitat por ocupação humana, captura para o comércio ilegal de espécies exóticas e para alimentação das populações locais.
(nota minha: na net podem ver diversos videos acerca destes exóticos animais. No reptilário pareciam-me inertes, mas nadam e deslocam-se de forma veloz, por exemplo ao verem comida.)

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