25 junho 2012



Pediste-me que te surpreendesse com um presente.
Não um presente comercial; não. O que querias era algo único, simbólico, nosso.
A ideia era surpreender-te com uma oferta que fosse tudo. Menos banal.
Ofereci-te um rio.
Um rio de vida, lito de sonhos, cama de peixes e de algas. Espelho de luz, reflexo do Sol, estrada de barquinhos de papel.
Um rio que corre ao som do coração, em salpicos de correntes tumultuosas ou águas chãs.
Um rio como os dias: calmo ou agitado, criativo, saltitante, um fio de água ou um caudal de vida.
Alonguei-me nas duas margens que me deste para sonhar e aí desenhei campos verdejantes e moinhos preguiçosos, rebanhos indolentes que homenageiam os raios solares. Uma criança que corre, sob o olhar dum avô que a pastoreia mascando uma azeda.
Ofereci-te um rio.
Tu sorriste um sorriso de todas as palavras, de todos os sorrisos.
E nele aprendeste a nadar.


18 junho 2012

Despe-me

Ajuda-me a despir.
Tenho um nó numa garganta que não se cala.
Desata-mo. Só tu estás habilitado a arrancar esta gravata invisível.
Desaperta-me o cinto que não me contém a fome, vive comigo a ânsia de mais vida.
Descalça-me. Quero sentir o chão que piso, assegurando-me de que não me fugirá.
Furta-me o relógio, que contigo as horas são para esquecer.
E despe-me a blusa, num tango sedutor de promessas gulosas.
Livra-me das calças leves, pesadas demais para a nossa cumplicidade.
Solta-me do soutien que me constrange a liberdade. Sou mulher de movimentos soltos, recuso-me a avançar espartilhada.
Sussurra-me promessas de dias melhores, à medida que danças comigo num leito improvável.
Despe-me de tudo. O pouco pano que ainda resiste e as preocupações que subsistem.
Veste-me da tua pele, coroa-me de juras de amor provisório, sempiterno, enquanto pousas os meus brincos de rainha na cabeceira dos teus sonhos.

11 junho 2012

Quadras de Maio


Estreei o mês de Maio contigo
Num enlevo doce, madrugada fora.
O nosso conforto, um secreto abrigo
Onde quero viver cada aurora.

Entrei em Maio pela tua mão,
Num namoro estranho, tão natural
Como um sopro de luz no coração,
Que faz do cinzento, um dia estival.

01 junho 2012

Parabéns, filha!


A Mafalda completa hoje a sua primeira "maioridade".
Digo-o porque estou convencida que os seis anos, que hoje estreia, são uma idade especial.
Bem, especiais são todas, mas não é sempre que se inicia um ciclo de escolaridade, com outro grau de empenho.
Não se conhecem colegas novos, não se esboçam amizades duradouras, nem se toma contacto com a regularidade de horários e disciplina que os seis anos pressupõem.
Sei que a Mafalda vai viver intensamente esta idade, pela qual tanto esperou.
Sei que está preparada para novas responsabilidades, que a fazem sentir-se mais "igual ao irmão".
Estou convicta que se adaptará lindamente, se desenvolverá harmoniosamente, como tem acontecido até aqui.
E sei que se vai deliciar a juntar letras, sílabas, frases, pois se já gosta tanto de histórias e de rimas...
Este será o ano de novos amores: os números, as letras. Vai conquistar novas formas de comunicação, ela que é tão comunicativa e tão expressiva.
Sinto esta sua idade quase como um novo nascimento. Os seus conhecimentos irão expandir-se, o infinito é o limite.
Ficarei contente se se apaixonar pela curiosidade, se se deliciar com a aprendizagem, se olhar em redor e concluir que a sua família, a sua escola, o meio onde vive, a acolhem de braços abertos em todas as fases da sua vida. Se sentir, no dia-a-dia, que a vida é uma aventura, numa história em que a protagonista é ela mesma, secundada por personagens que a mereçam sempre.
Haverá espaço para suspense, comédia, drama, aventura. Mas o que mais desejo é que a sua vida seja uma história de amor.
Parabéns, filha!
O Dia da Criança é, para mim, ainda mais especial porque nasceste nele.

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