Família: conceito de carácter emocional, tantas vezes secundarizado.
Hoje, 15 de Maio, comemora-se o Dia Internacional da Família.
E há tanto a fazer ainda, em prol das famílias...
Por exemplo, como podemos deixar que continue a haver milhares de crianças sem uma família, e lares de acolhimento, quando há tantos candidatos a pais em espera da conclusão de processos tão burocráticos que dão aos adoptantes tempo para desesperar?
Famílias que adoptam e são desmembradas quando os dadores da semente se lembram que agora já querem ser cidadãos responsáveis e pais exemplares, a ponto de darem às crianças o maior abalo das suas vidas- retirá-las dos seus pais de sepre, que as amaram e as sente suas?
Ao mesmo tempo, nas situações de violência doméstica deixam-se arrastar maus-tratos até ao ponto fatal, ou pega-se na vítima ao fim de n tentativas de assassinato e dá-se-lhes uma nova vida, mas uma vida de fuga e de não-identidade, num local absolutamente novo, longe das referências emocionais, em vez de se enjaularem os agressores.
Mas há as famílias ditas normais, onde nada disto sucede.
Famílias que apenas querem continuar a ter o que as caracteriza como família: amor, casa, união, segurança, educação.
A dificuldade começa logo na gravidez. Nos subúrbios dos centros urbanos, procuramos um berçário, ainda a emio da gestação, e dizem logo que já devíamos tê-lo feito. Há listas e listas de espera. Quem não tem avós a quem deixar os bebés, paga uma fortuna por mês para que alguém fique com um bebé de 4 ou 5 meses que nós gostaríamos de cuidar mais uns tempos.
A pressão de algumas empresas, para que se regresse ao fim de 4 e não 5 meses. Ou a não renovação do contrato. Ou o despedimento, de grávidas e lactantes, que, mesmo ilegal, grandes companhias conseguem levar a cabo, com pareceres positivos da CIT, imagine-se! Ao invés da lei e contrariando a tradição...
O facto de a licença parental de 15 dias após a licença de maternidade ser facultativa não ajuda nada- muitos pais são pressionados a não a gozarem.
Não há escolas oficiais para bebés, dificilmente há vagas no pré-escolar e os meninos que deviam entrar para o 1º ano não entram se têm a infelicidade de ter nascido após 15 de Setembro.
Não há escolas oficiais para bebés, dificilmente há vagas no pré-escolar e os meninos que deviam entrar para o 1º ano não entram se têm a infelicidade de ter nascido após 15 de Setembro.
Já crescidinhos, muitos filhos vêem as festas escolares desenrolarem-se uma e outra vez sem a presença dos pais, já que a vida profissional o não permite.
E milhares de crianças só estão com os pais ou familiares uns minutos por dia, devido às horas de trabalho e deslocações... Minutos de desgaste, num final de dia esgotado. Liga-se a tv enquanto se põem em marcha as tarefas domésticas.
E felizes as famílias que não foram apanhadas pelo tsunami do desemprego, aliado à subida das taxas de juro. É ver os nervos à flor da pele, as crianças a ouvirem gritos de quem desespera, os pais a tentarem garantir os bens essenciais e não perder a casa.
Família: que futuro te aguarda?
10 comentários:
Como sempre um post cheio de conteúdo.
Acredito que a Família é a base de qualquer sociedade.
A família como foi concebido há muito: pai, mãe, filhos, avós, etc.
Por muito politicamente incorrecto que seja ( mas já sabes que sou assim ) famílias monoparentais, crianças filhas de homens (!), casais homosexuais com filhos adoptados, etc, etc, convencem-me pouco.
Dir-me-ão: é melhor que as crianças estarem abandonadas num lar ou na rua.
Sem dúvida, mas não chamem a isso família.
Pode ser outra coisa qualquer, até válida, mas família, não é.
Desculpa o desabafo, filoxerazinha.
Beijinhos e veludinhos
As questões que aqui levantas são deveras pertinentes e vão ter que encontrar uma resposta rápida ou a humanidade vai desta para melhor...
O conceito de família está completamente adulterado mas a verdade é que ainda não se «inventou» nada parecido!
A fotografia está óptima - família é família nem que sejam formigas, heheheh!!!
Muitos beijinhos, Filoxera!!!
É sempre bom reflecitr sobre estas coisas nestes dias especiais. A familia é uma coisa muito importante, das mais indispensáveis. Por vezes só nos apercebemos disso demasiado tarde.
Tiago'
beijinhos!
É dia da FAMILIA HOJE? Então que seja um sorridente dia para ti, beijinhos sem tempo para mais do que a lembrança de passar por aqui.
Passei para deixar um beijinho, amiga.
A família pode ser só uma avó meiga, duas pessoas com carinho e atenção para com a criança. Pode ser um casal normalíssimo... muitas vezes não é. As condições têm de ser EXIGIDAS, condições para criar, educar, ter tempo e alimentar a criança. Porque ela é o embrião da sociedade e é, em última instância, a quem a entregamos, crescida a sua força intelectual ou de trabalho.
Grata pela passagem, é só uma achega para tanto torpor e água turva!
Abç
Doce Amiga.
Num texto arrebatador, sensível e
terno expressa o valor pela família que me encanta. Enternece e maravilha.
Será que estes valores e principios imprescindíveis ao bem-estar e harmonia do Ser se esquecem cada vez mais?
Sensato, puro e genial texto decorado pela sua gigantesca capacidade literária que faz pensar.
Gostei muito.
Beijinhos amigos de estima e respeito.
Sempre a considerá-la como enorme pessoa de bem
pena
Obrigada o seu comentário nas minhas "rosinhas". Deve conhecer aquelas rosinhas, para mim "selvagens", porque aparecem por todo o lado, num meio adverso, sem ser tratadas. Há quem lhes chame de Stª. Teresinha!...
Elas são bem o exemplo da coragem que é necessária para encarar o mundo violento em que vivemos, tudo o que se vai modificando e a que não estavamos habituados. Mostram-nos que somos capazes de viver com beleza no meio que a pouco e pouco se modifica, nos costumes, numa sociedade que queríamos sempre a nosso gosto, mas que cada vez mais nos desafia para o "quase" impossivel! Tal como elas temos de lutar e elas lutam e de que maneira!...
Eu também lutei...
Neste seu poste, vejo o que diz sobre as mudanças...
Pergunto: nada disto existiu no passado?...
Houve sempre, só que pouca gente conhecia, a informação não chegava na hora, havia censura, não havia tanta televisão por todas as salas da casa de habitação.
Hoje devido os hábitos que temos só temos dois caminhos a seguir, censurar a informação, enganar as crianças e enganarmos a nós mesmos, fazendo crer que a família vai bem, como as nossas avós fizeram, (tão felizes coitadas!...)
Quem quer seguir este caminho?...
Voltamos ao "Pátria, família e Deus?..."
Nesta altura, lá fora, o mundo já era muito violento, mas a maioria de nós não sabia, porque tudo era longe. Não era nada que nos tocasse.
Bjs
Maria
Por falar em datas, nem sabia da existência de tal dia. Contudo, a atenção aos meus familiares, esta eu não negligencio jamais.
Apesar de tudo, acredito em melhores dias para a família. Do contrário, o João, aquele do Livro das Revelações, está certo: é o fim dos tempos.
Um beijo!
Infelizmente nos últimos tempos não tenho tido muito tempo para ler o que escreves. Hoje que o consegui fazer vejo que continuas a faze-lo de uma maneira fantástica e sempre focando temas de real interesse. Tens toda a razão no que escreves.
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