Lamento a saúde da minha mãe estar na mão duma corja que vê números em vez de gente.
Lamento estar a passar por tudo isto sem testemunhas.
Lamento hoje ir apresentar hoje uma queixa no hospital, sabendo de antemão que neste país é chover no molhado e não tendo comigo uma testemunha do que ouvi, nos tons em que ouvi.
Lamento que existam assistentes sociais que, de assistentes, nada têm. Nunca me ajudaram.
Lamento que se dê alta da consulta de Neurologia, impunemente, a uma doente cuja filha deixou bem claros os seus problemas motores.
Lamento que se troquem os cuidados devidos a uma doente dependente pela incúria, quando se quer retaliar a familiar de referência por não ter aceitado a alta duma pessoa que corre o risco de cair, assim que recupere a marcha. Quando a recuperar. Porque está há uma semana sem ter, sequer, minutinhos de fisioterapia.
Lamento que a falta de condições para prestar os devidos cuidados, aliada às limitações económicas e humanas da família não só não constituam travão para os ditames economicistas duma administração hospitalar, como permitam a uma assistente social ligar à filha num tom de ralhete.
Comigo não.
A guerra fria terminou. Começaram as hostilidades.
Esta tarde apresentarei as devidas reclamações. Não desarmo. Nem à centésima. Tenho mais anos de luta contra a doença do que estas fedelhas de vida.
Aceito ajudas, aliados nesta luta. É disso que preciso. Que a minha mãe precisa.
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