28 novembro 2010

Estarei à tua espera, não te atrases

Vem ter comigo junto à clareira

Ali, onde fizemos as pazes

O rumor do rio mesmo à nossa beira



Vem à hora que hoje combinámos

Sabes, não consigo ficar mais sozinha

Junto a esta lareira onde nos deitámos

Após a dança inventada na cozinha



Fica comigo nos poemas de amor

Na luta que termina sempre em empate

Deixa-me mostrar-te que do teu calor

Não há força alguma que me resgate

21 novembro 2010

Perdi-me de mim nesta vontade de nós

(Sem ti o meu mundo fica quase nada)

A cada passo, ouvia a tua voz

E eu ali, na solidão entrincheirada


Encontrei-me numa onda musical

Onde me percorreste, forte como o vento

Mil anos depois, voltaste tal qual

Te conheci: lindo, doce. E lento


Adormeci na lembrança da nossa cama

Acordei com o teu beijo suave e quente

Que me trouxe de volta àquela chama

Onde nos consumimos num amor urgente




17 novembro 2010

Quando dizes que me queres

Sou vulcão. Intrépido, voraz, ardente

Que explode em jorro constante de lava

E te percorre inteiro, amante sobrevivente



Quando dizes que me esperas

Sou Outono avançado, amarelo exangue

Que te deita num leito de folhas e terra

Em que nos vindimamos, mosto e sangue



Quando dizes que me adoras

Sou tesouro naufragado, no fundo do mar

Que te aguarda ansioso, numa valsa lenta

E te ensina o amor, assim, a dançar…

12 novembro 2010

Dizem que vai chover.

Não sei onde ouvi, mas dizem que vai chover.
Nem liguei, para perceber se diziam onde: na estrada, no passeio, no campo ou na montanha.
No trilho que os meninos percorrem a caminho da paragem do autocarro, no viaduto que coroa a cidade, no castelo que ficou de tempos antigos.
Pode vir a chover na praça, no bairro, no mar ou no deserto que é o teu percurso. No rio ou no vale que é o meu íntimo. Porque, às vezes, chove cá dentro.
É nesses momentos que tu surges, trazendo o Sol nesse teu olhar que me inunda.
Por isso não liguei às vozes que dizem que vai chover. Não me importa onde.
Haverá sempre manda-chuvas. A questão é nem lhes ligarmos…

08 novembro 2010


Que farei com esta espiral,

Que me enreda na ansiedade?

Diz-me que ela é natural,

Que é sinónimo de liberdade…


Que farei com as palavras

Que não são pronunciadas?

Diz-me que se as soltar

Nunca serão censuradas…


Que farei com a nostalgia

De dois braços que me envolvam?

Diz-me que se tornará alegria

De vidas que se renovam


Que farei com esta angústia

De quem só incerteza detém?

Diz-me que gostas de mim

E que ficará tudo bem…

04 novembro 2010

Não sei como voamos

Mas voamos. No espaço, nesse plano que é nosso, nulo de distância, prenhe de nós.

Não sei como nos lemos.

Mas lemos. No silêncio que se alonga, nas palavras adivinhadas, nossa imagem de marca.

Não sei como nos tocamos.

Mas tocamos. Com o olhar, com a cumplicidade de dois seres que se admiram e se sabem.

Não sei como nos conhecemos.

Mas conhecemos. E isso é tão maravilhoso…

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