São duas horas de monólogo de Marco Almeida, que demonstra uma versatilidade a toda a prova.
Dá
corpo e vozes a 35 personagens, nesta “celebração da liberdade e da
identidade, do respeito por cada um e a luta por direitos iguais” com
que o Teatro experimental de cascais resume a peça.
Duas
horas sem intervalo, entre a pele de uma Charlotte von Mahsdorf e 34
outras. Num segundo encarna os gestos pausados e a voz de inflecções
súbitas e trejeitos femininos e no instante seguinte irrompe num
vozeirão tonitroante que se destaca entre uma cenografia toda ela
espantosa.
São tons que
vão do masculino corrente ao feminino exibicionista duma pivot, do
gutural quase exclusivo dos filmes de animação ao queixume rastejante
dum velho que sofre.
Com
esta Charlotte andamos de montanha russa, entre o riso e a apreensão, o
escárnio e a surpresa, onde nenhum pormenor desta encenação de Carlos
Avilez é menor que perfeito.
Com
esta Charlotte, vamos, pela mão duma idosa amante de antiguidades,
conhecer a história do museu Gründerzeit e explorar os acontecimentos do
século XX, numa Berlim fustigada pela guerra e passada a pente fino
pelos nazis e depois pelos comunistas. Uma Berlim não acolhedora para
que não se encaixava nos padrões “normais”.
Se,
com o enredo, somos levados a encontrar semelhanças com a actualidade, a
música fez-me viajar entre recordações, quer de viagens, quer de
quando, aluna do secundário tive o gosto de na mesma sala assistir, com a
minha família, a outros momentos dramáticos.
Passaram
quase 24 horas e continuo a pensar: como é possível? Uma recordação que
ficará, pelo desempenho brilhante de Marco Almeida. Por tudo.
2 comentários:
Fico feliz, muito feliz, com a tua presença aqui de novo, minha querida!
Interessante , o monólogo. Agradeço a informação. Quanto a Marco Almeida, sinceramente, eu não conheço muito bem o seu trabalho.
Gosto do fundo, mas dificulta um pouco a leitura do texto...
Beijinho abraçado e que seja feliz o teu regresso !
Fiquei tão contente com o seu regresso a este cantinho que eu amava visitar.
Quanto ao texto , gostei de saber sobre esta peça, ( há tanto tempo que não vou ao teatro) e não conheço o trabalho do Marco Almeida.
Abraço e saúde
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