27 janeiro 2016

Era Inverno


(foto cedida pela minha amiga Fátima C.)


Comecemos pelo fim. 
Pelas magnólias.
Era Inverno, lembras-te? Não parecia, mas era Inverno.
Não parecia haver muita gente, mas havia. E havia cães, surfistas, o mar com sets de encaracolar, a luz de encandear. A conversa a calar e a sobrar.
Era um Inverno de derreter gelados. Uma música só audível por um curto lote de eleitos. Os designados pelos deuses que regem as rotações do planeta numa escala menor que a dos seres que nele habitam. Porque aos seres, uma centelha basta e está um novo mundo a começar. Uma palavra. Uma audácia. 
Um universo multicultural com tantos pontos de intersecção quantos os que duas circunferências podem ter. É como no tango: dois. Basta.
A linguagem corporal não precisa de tradutor nem de revisor.
Um mais um continuam a ser dois. Até aí, ainda sei.
Não sei como viemos aqui parar. Mas era um dia de magnólias. E era Inverno.

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