18 outubro 2014

Relacionamo-nos no silêncio


As emoções supremas não se confinam às palavras.
Sorrisos que traduzem encanto. Pulos saltam de alegria. Lágrimas de dor ou de despedida.
O descompasso da caixa de ressonância ansiosa.
As pálpebras subitamente escancaradas do susto e as que se fecham sobre a desilusão.
Mãos encontrando-se na cumplicidade.
Peles magnetizadas que se atraem. Respirações em crescendo uníssono.
O carinho do colo. A entrega da confiança. A partilha da amizade.
O abraço da ternura.
A rajada emanada pelo olhar furioso. O esgar da repulsa.
Toda a tensão da revolta.
A enorme fragilidade da tristeza arrastada. O poder incomparável da realização.
O peso do arrependimento. A perda melancólica da saudade.
As palavras encolhem-se, impotentes face à afasia poética dos sentimentos.
Falamos com amigos, conhecidos.

Sentimos com quem nos é querido. Relacionamo-nos no silêncio, no toque ou à distância. Pelos movimentos de pálpebras como pelo que não se diz.

2 comentários:

Lídia Borges disse...


Tensas, as relações sociais em tempos de ruídos. O silêncio torna-se depressa a ilha desejada, por um lado música, por outro lado, solidão.

Beijo

Nilson Barcelli disse...

Em sintonia, qualquer veículo de comunicação funciona, mesmo o silêncio.
O teu texto é brilhante, gostei imenso.
Um beijo, querida amiga Filó.

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