01 setembro 2014

Pelo aniversário da Patrícia, ontem


Está hoje de parabéns, a minha terceira sobrinha.
Aquela que, aos seis anos, falava sopinha de massa". "Sopinha de canja!" - corrigia-nos logo.
O seu sorriso moldava o mar à proporção das brincadeiras, saltitando entre pocinhas, com o balde na mão.
Quem visse aquela beleza terna adivinhar-lhe-ia um futuro agradável. Porque nunca imaginamos uma vida dura num olhar doce de menina bonita.
Demorou a crescer, o que lhe permitiu dormir na cama de grades do meu quarto até então....

A Patrícia cresceu e cuidou dos irmãos com um enlevo maternal. Coisa natural numa família numerosa, onde, depois dela, ainda nasceram cinco.
Acabou por tornar-se mãe bastante nova. Há tradições que os genes se encarregam de assegurar.
O pai dos primeiros dois filhos passou por problemas judiciais que aumentaram a sua responsabilidade como mãe e condenaram uma paixão precocemente multiplicada.
O segundo amor foi arrancado por um tiro. O pai do terceiro filho e da Daniela, que se desenvolvia no útero, foi assassinado no trabalho, num dos primeiros episódios duma saga de violência na noite portuense.
A Daniela, hoje com seis anos, tem outro pai. O dos seus dois irmãos mais novos. E uma mãe que não desistiu.
Faz hoje trinta e sete anos, aquela cujos dentes de leite ainda conservo e algodão, numa caixinha de ourivesaria.
A mãe-coragem de seis filhos, a quem a vida não tratou com o amor suave que o sorriso terno merecia.
Parabéns, Patrícia!
Todos os dias.

Sem comentários:

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin