Cada minuto parecia infinito.
Sentia-me quase a sufocar, à beira do desmaio.
Habituada a resolver tudo sozinha, a solidão desta vez oprimia-me quase tanto como a expectativa.
A consulta começou com uma hora de atraso. A minha ansiedade era velha, tendo-se arrastado penosamente a partir de ontem.
Os resultados actuais foram-me comunicados em linguagem difusa, frisando não constituírem ainda um diagnóstico: perturbação específica da linguagem.
Uma série de considerações que me foram chegando numa cadência ondulante: défice de atenção… o funcionamento diferente do cérebro da minha filha (“não se trata dum atraso ou falta de inteligência” – isso eu sabia…)… dificuldade crónica na leitura, sobretudo nos textos literários, históricos, filosóficos… um artigo legal que prevê certas prerrogativas na educação de crianças com estas características… a vantagem em conversar com uma assistente social… a eventual necessidade de, um dia, a professora também ser esclarecida sobre estratégias…
Esperei muito tempo por este instante.
Primeiro, deixei-me enredar nas frases bem intencionadas que me diziam que aguardasse pelo “clique” da leitura. Depois, tentei ensiná-la a ler durante as férias, através dum método diferente. Já no segundo ano, foi a frustração revelada pela minha própria filha que me impeliu a procurar, por todos os meios, ajuda.
Precisamos dum diagnóstico, ainda que não gostemos de “rótulos”, para podermos integrar-nos numa situação inesperada.
No entanto, mesmo quando este se conjuga com as nossas suspeitas, será sempre como um corpo estranho, uma peça alheia ao esquema.
Estamos no primeiro passo duma longa caminhada. A aventura começou.
6 comentários:
A vida está cheia de situações inesperadas.
Temos de estar sempre preparados.
Óxalá, tudo se componha!
Bjjjsss
que não te falte a força e o amor!
abraço
O caminho pode ser longo, mas ele faz-se caminhando.
E a chegada ficará cada vez mais próxima.
Filó, tem um bom resto de domingo e uma boa semana.
Beijos.
Em Fevereiro deste ano foi diagnosticado na minha filha uma perturbação específica de linguagem mista. A minha filha tem apenas 3 anos. Compreendo a sua dor e gostava de saber que eu está a fazer para ajudar a sua filha.
Agradeço a todos, os simpáticos e encorajadores comentários.
Ricardo, se me enviar um endereço de email terei gosto em responder-lhe :-)
Obrigada por ter respondido, neste caso sou a mãe e Ricardo é o meu marido. Se não de importar agradecia que me aliviasse, ou não, o aperto que tenho no meu coração desde fevereiro e partilhasse comigo o que posso ou não fazer para ajudar a minha filha. O meu endereço é helenacorreia@portugalmail.pt
Um muito obrigada
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