Sinto o calor do Sol baixo, derramando-se sobre o corpo todo,
como uma carícia nas costas.
Uma sensação de massagem nos pés quando estes se expandem no
areal.
Há um aroma de fim de Verão no ar. Boicotado pelo odor do
tratamento de águas. Logo o sossego deixa de o ser quando uma família discute o
lanche “Ó João, queres o teu Bolycao?”,
seguido duma disputa entre o João e o António, primos que reclamam o mesmo
cromo do lanche-surpresa de valor nutricional duvidoso.
A mãe/tia a arbitrar o conflito, alegando que ele já deve
ter aquele cromo. As crianças, indiferentes aos argumentos, teimando na disputa.
A senhora opta pela estratégia da fuga em frente. “E temos iogurtes, queres
iogurte?” Que sim, quer iogurte. A mãe/tia saca um conjunto deles do interior
dum saco térmico, onde deve ter trazido todo o conteúdo
do frigorífico para uma tarde de quatro pessoas na praia. Um saco térmico
grande, aparentando um recheio generoso.
Os miúdos encetam o lanche, a conversa redundante continua.
Parece que cromos e guloseimas têm uma relação filosófica que lhes permite
serem tema de discussão dum momento de lazer.
Aborda-se também o assunto jantar. Frango assado. E mais uma
série de frases em torno do mesmo. Já me questiono se a verdadeira vocação
desta família será a filosofia, se a gula.
Felizmente, Setembro e o Outono são aliados, quando se trata
de ir a banhos. A praia tem mais zonas livres.
Determinada, pego nas nossa toalhas, mochilas e havaianas e
migro para outro ponto, onde a areia não parece ameaçada por conversas indesejadas.
Do que eu gosto mesmo, na praia, é de sentir o Sol pintar-me
a pele. Mergulhar umas quantas vezes. Olhar, sorrindo, os miúdos eufóricos no body-board
e nas brincadeiras. Deleitar-me com a boa literatura que levo sempre, para uns
momentos de maior estado “zen” J
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