23 setembro 2013

Outono e praia

 
Sinto o calor do Sol baixo, derramando-se sobre o corpo todo, como uma carícia nas costas.
Uma sensação de massagem nos pés quando estes se expandem no areal.
Há um aroma de fim de Verão no ar. Boicotado pelo odor do tratamento de águas. Logo o sossego deixa de o ser quando uma família discute o lanche “Ó João, queres o teu Bolycao?”, seguido duma disputa entre o João e o António, primos que reclamam o mesmo cromo do lanche-surpresa de valor nutricional duvidoso.
A mãe/tia a arbitrar o conflito, alegando que ele já deve ter aquele cromo. As crianças, indiferentes aos argumentos, teimando na disputa. A senhora opta pela estratégia da fuga em frente. “E temos iogurtes, queres iogurte?” Que sim, quer iogurte. A mãe/tia saca um conjunto deles do interior dum saco térmico, onde deve ter trazido todo o conteúdo do frigorífico para uma tarde de quatro pessoas na praia. Um saco térmico grande, aparentando um recheio generoso.
Os miúdos encetam o lanche, a conversa redundante continua. Parece que cromos e guloseimas têm uma relação filosófica que lhes permite serem tema de discussão dum momento de lazer.
Aborda-se também o assunto jantar. Frango assado. E mais uma série de frases em torno do mesmo. Já me questiono se a verdadeira vocação desta família será a filosofia, se a gula.
Felizmente, Setembro e o Outono são aliados, quando se trata de ir a banhos. A praia tem mais zonas livres.
Determinada, pego nas nossa toalhas, mochilas e havaianas e migro para outro ponto, onde a areia não parece ameaçada por conversas indesejadas.
Do que eu gosto mesmo, na praia, é de sentir o Sol pintar-me a pele. Mergulhar umas quantas vezes.  Olhar, sorrindo, os miúdos eufóricos no body-board e nas brincadeiras. Deleitar-me com a boa literatura que levo sempre, para uns momentos de maior estado “zen” J

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