Sonho-te em mim, quando te ouço a voz.
A sua cadência acende-me
o desejo, como quem encosta cerejas a lábios sedentos.
A força infinita das
palavras, nascente dum rio que se vai formando em mim. E tu sabes. Queres.
Estimulas a nascente, antevendo a maré nossa.
Engulo em seco. Alinhamos
respirações.
No prazer escorregadio da
paixão calma, a intenção dos lábios assomando à pele. Junto ao pescoço. Sem
tocar. Sentindo o calor. Que se propaga.
Continuas. Dizes, eu
respondo. Ainda que com o silêncio. Escalada de fogo, pressentindo um prazer
desmesurado.
Não dizes, eu adivinho.
Procuro.
Sentes, vibrante, a forma
como te presenteio.
Saboreamos.
O toque voluptuoso. O
olhar meigo. O beijo quente.
O abraço que se repete,
num jogo de ternura e fogo.
Ofegantes, queremos ficar
nesta sedução até ao infinito. Aprendendo. Derramando mel e chamas lá, onde
sabemos.
Encostamos, entreabrimos,
entrelaçamo-nos. Desafiamo-nos, desenfreadamente.
Matamos saudades com uma
perícia sensual, contida até ao insuportável.
Percorremos trilhos de
pele e vocábulos incendiários, num jogo da glória sensorial.
Ondulando juntos, numa
melodia silenciosa, gemida de prazer.
Navegamos mares quentes, à bolina. As peles salgadas,
os sentidos ao serviço do deleite.
Envolvemo-nos em fusão
única, a delícia como nunca ninguém a provou.
O ritmo, improvisado a
dois, ora rápido, ora manso. Voraz. Contido.
A ânsia. Desespero de
querer e adiar. Cumplicidade sonhada.
Mudança estratégica. Nova
abordagem. Volúpia centrada no eixo da táctica.
Mais. Tanto. Loucura.
Entrega total.
As palavras a unirem
corpos e vontades. Quase… Quase...
Até que deixamos de nos
conter.
Asas a dobrar. Voo sincronizado.
Um canto gutural.
Liberdade partilhada. Tremeluzente.
O estertor das réplicas,
apaziguante.
Nunca como contigo o sossego
foi tão sorridente, tão gostosamente prolongado.
O amor após o desvario. A
conversa na acalmia, unindo mais que a sede voraz da paixão.
Essa voz que me embala. O
ombro que me acolhe. A ternura que te consagro.
Somos.
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