26 setembro 2012




Há coisas que não nascem connosco. Dão mais cor à vida, mas exigem ser descobertas.
Se, há uns anos, me limitava a apreciar o verão e a primavera, dou por mim, nos mais recentes, a apaixonar-me pelo outono, a mais fotogénica das estações.
O outono é uma espécie de antecâmara. Um período que apela à mudança de ritmo, numa preparação para o frio do inverno, para a azáfama, cada vez menor, da época natalícia. Dias mais curtos, pintados de tons acastanhados e ocres, enquadram o regresso às aulas, cheio de expectativas e promessas.
Calçadas atapetadas contra a descida da temperatura acompanham a cada vez mais desafiante tarefa de deixar o quentinho da cama de manhã. Nos fins-de-semana, o desejo de devorar um livro, de fio a pavio, ou preparar uma tarde de cinema, vem substituir o apelo estival da praia. Em vez de mergulhar com amigos, apetece beber um bom vinho com estes, a acompanhar um jantar aconchegante.
Abrandar o ritmo é coisa que começa a parecer-me bem, a mim, uma acelerada inveterada. Saborear o não fazer. O não racionalizar. Dar tempo às coisas.
Nisto, o outono parece-me a estação mais de acordo com o ideal de quem gosta de escrever. Aprendi que não quero estar sempre a andar, a correr, a fazer. Quero parar, de vez em quando. Deixar fluir. Saborear. Porque, por vezes, continuar é apenas continuar a ir mal.
Pressinto que este meu outono vai mesmo associar-se a abandono. Proponho-me abandonar certos hábitos desgastantes e investir mais no que embeleza a vida. Chamem-me lírica, ou hedonista. Eu tenho outro nome, para uma nova fase.

3 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Pois que venha essa nova fase e que ela lhe traga felicidade.
Pessoalmente eu não gosto do Outono. Acho-o triste e não gosto de tristezas.
Um abraço e tudo de bom

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

todas as estações tem a sua beleza muito própria, mas, concordo contigo.
um beij

Mª João C.Martins disse...


Há uma magia muito peculiar no movimento lento das folhas que se deixam transportar pelo vento. Não é uma calma triste, mas antes um sereno encontro com as coisas da alma, um retorno ao ciclo vital, ao húmus que alimenta a raiz.
Adoro o Outono e esta calma de saborear o tempo.

Gosto de saber que te sentes assim.

Um beijinho grande

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