25 junho 2012



Pediste-me que te surpreendesse com um presente.
Não um presente comercial; não. O que querias era algo único, simbólico, nosso.
A ideia era surpreender-te com uma oferta que fosse tudo. Menos banal.
Ofereci-te um rio.
Um rio de vida, lito de sonhos, cama de peixes e de algas. Espelho de luz, reflexo do Sol, estrada de barquinhos de papel.
Um rio que corre ao som do coração, em salpicos de correntes tumultuosas ou águas chãs.
Um rio como os dias: calmo ou agitado, criativo, saltitante, um fio de água ou um caudal de vida.
Alonguei-me nas duas margens que me deste para sonhar e aí desenhei campos verdejantes e moinhos preguiçosos, rebanhos indolentes que homenageiam os raios solares. Uma criança que corre, sob o olhar dum avô que a pastoreia mascando uma azeda.
Ofereci-te um rio.
Tu sorriste um sorriso de todas as palavras, de todos os sorrisos.
E nele aprendeste a nadar.


3 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Eu, semeador de rios, gosto
que ofereçam obra minha
sob a forma de presente
num texto em que a poesia não está ausente.
Eu semeador de rios, volto a despejar semente
Espero nova nascente

São disse...

Quando se tem tanta sensibilidade como tu, até a prosa transborda poesia.


Boa semana

João Rosário Matos disse...

Existe Um Rio

Existe o aroma da natureza
A percorrer os teus sonhos da cor da primavera
Quando desperta a madrugada
Dispo-te esse manto de seda que encobre a tua pele
(Gotas de água) os poros da tua pele
Que me refrescam.

Existe o encanto das palavras
Que tu crias em poemas cor de jasmim
Quando cai o entardecer
Estendo um tapete de flores a teus pés
Que tu percorres a soletrar
Silabas de poesia.

Existe a magia da noite
Essa fábrica de sonhos límpidos
Quando as estrelas reluzem a bailar
Dispo-te a alma, nua, como a leveza do vento
Trago-te à minha margem
Nesse teu rio, onde navego…

Existe um rio.

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