27 junho 2007
Um dia cinzento
O Domingo amanhecera enevoado. O Miguel, assim que acordou, levantou-se e assomou à janela. Ficou muito desapontado quando viu que o Sol se esquecera dos seus planos. Tinha combinado na véspera, com os pais, que fariam um piquenique na praia ou montariam a pequena piscina no jardim e ficariam por ali a brincar com carros, bolas e outros brinquedos de entre os seus preferidos.
Assim, tratou logo de esclarecer "Ó mãe, hoje é Vão, pois é?" e perguntar à mãe onde iriam. A mãe respondeu-lhe "Não sei, filho, logo veremos". Também ela ficara surpreendida pela mudança do tempo.
E foram os dois para a cozinha, preparar uns cereais para o pequeno-almoço. Mas a irmã do Miguel, ainda bebé, acordou quando se preparavam para comer. De modo que a mãe trouxe-a para junto deles. Enquanto o pai dava a papa à pequerrucha Mariana, o Miguel e a mãe iam conversando. Ele gostava de praia, e voltou a sondar "Mãe, podemos ir à paia?", ao que a mãe respondeu "Hoje, parece estar fresco demais para irmos à praia. Mas podemos aproveitar e fazer umas brincadeiras no nosso jardim".
O menino lá aceitou, embora não estivesse muito entusiasmado.
Durante o resto da manhã, ele nem se demorou a brincar no jardim. Após dar uns pontapés na bola, voltou a entrar em casa. Preferiu ver desenhos animados e brincar um bocadinho com a sua bebé. Andava a tentar ensiná-la a responder à pergunta "Quantos anos tens?" esticando o indicador e dizendo "Um" de forma enfática. Depois, pegou nume revista de passatempos e concentrou a sua atenção em labirintos e jogos de sombras.
Após o almoço, a Mariana fez uma sesta mesmo a seu gosto: em cima da barriga do pai. E o pai acabou por fazer-lhe companhia nesse sono.
De modo que o Miguel e a mãe aproveitaram aquele tempo só deles, fazendo o que mais gostavam: a mãe leu-lhe histórias, após o que foram ambos fazer um puzzle complicado.
-É muito difícil, este puzzle, não é, mãe?
-É, filho, mas tu encaixas quase todas as peças; acho que nem precisas da minha ajuda.
-Peciso, peciso. Eu só consigo encaixaie poque tu estás aqui comigo. Se não estivesses, eu não éia capaz.
O puzzle, pequeno e com grande número de peças escuras, retratava a coroação de Napoleão. Não era um puzzle para crianças pequenas, mas o Miguel gostava de fazê-lo. Ficou completo em pouco tempo.
Era uma boa altura para irem para o jardim. Mãe e filho foram aproveitar o Sol, que entretanto viera espreitar a tarde. O escorrega, o bowling e os carrinhos ajudaram à diversão e, assim entretido, o Miguel nem se importou que a mãe lesse um bocadinho do livro que andava a saborear. A calma do ar morno só era entrecortada por alguma conversa esporádica vinda dos jardins vizinhos. O colorido dos brinquedos jogava com as tonalidades das flores, sendo a relva o tapete deste entretenimento. Estava-se mesmo bem...
Quando o apetite de brincadeira ficou saciado, o rapazinho foi refugiar-se no colo do pai, que descansava no sofá, enquanto a bebé dormia. Mas, assim que ela despertou, o Miguel voltou lá para fora, onde a mãe, que estava a escrever uma história para ele, acabara de ser picada por uma vespa.
-Dói, mãe?
-"Arde" um bocadinho, Miguel, mas já passa", disse a mãe, que acrescentou, brincando, "Viver no campo tem destas coisas", lembrando-se dos cogumelos que às vezes emergiam na relva e da osga que se tornara a "mascote" lá de casa.
Deixaram o pai descontrair enquanto acompanhava um filme, ficando mãe e filho a ensinar a filha e irmã a jogar à bola e bowling. A mãe tirou umas fotografias que retratavam os passos em comboínho que os manos deram em cima de um tapete musical. Ti-ri-ri-ri-ron-ponc-ponc-plash, ouvia-se entre vozinhas divertidas e gargalhadas cambaleantes.
A descontracção continuou, tarde fora até à noite. O Sol cedeu o seu lugar à Lua, enquanto o vento despedia o dia e contratava a noite. A brincadeira, as perguntas constantes e os desenhos animados acompanharam o Miguel e a sua família até à hora de dormir.
Quando a mãe foi deitá-lo, além de lhe contar uma história, como todas as noites, comentou "Afinal, mesmo sem termos saído de casa, foi um dia divertido, não foi?", tendo ele respondido "Foi divetido, mas à mesma gostava de tê saído".
Pensou a mãe: isso mesmo, filho; desejar-se algo mais é bom sinal.
Pensou o filho: mas já sei que, se voltar a haver um dia escuío, não vou aborrecê-me. Temos taanta coisa paía fazeíe...
Sabia que a sua imaginação, aliada à da mãe, não o deixariam ficar desanimado.
25 junho 2007
Porto, noite de S. João
Mais uma vez, lamento não ter ido ao S. João do Porto. Quando me apercebi que este ano até seria o mais propício a uma deslocação, já que a noite do santo foi de Sábado para Domingo, ainda fiquei mais lastimosa. O meu filho pedia-me: "podemos ir, mãe?", em resposta à minha constatação tardia (típica de quem não tem de escrever a data diariamente). Mas, porque a filhota é ainda bebé, desta vez não foi possível improvisar uma partida súbita rumo à Invicta.
Há muitos anos, não perdia uma noite de S. João passada no Porto. Bem, na verdade não perdia ocasião nenhuma para ir ao Porto. Era lá que passava as férias, rodeada de primos e primos dos primos ("a primalhada toda", como dizíamos, ou, noutra versão, "primos esquerdos", já que não eram direitos), tios verdadeiros e emprestados, sobrinhos, irmão, cunhada e amigos.
O Porto é a minha terra do coração. Quem me conhece sabe isso. Nasci em Lisboa, vivi sempre na chamada "linha do Estoril" e, à falta de terra onde ir nas férias e períodos festivos, adoptei o Porto. Outras terras me encantam, mas nenhuma como esta. É a terra do meu pai e de toda a família do lado paterno.
O S. João do Porto é uma das minhas recordações mais antigas e mais saudosas. O espírito festivo, a brincadeira com o alho-porro ou o martelo, a caminhada das Fontaínhas ou outro ponto no centro até à Foz, a senhora que perguntava "estão a dar?" enquanto a minha tia agarrava a caixa de cartão com gelados que a vendedora lhe entregou por ser mais prático, já que éramos muitos e o número de gelados comprados reflectia isso mesmo. O fogo de artifício, fascinante e assustador para uma menina pequena.
Nos primeiros anos, na companhia dos meus pais, tios e primos, depois já só os primos e amigos, numa directa de muitos kilómetros.
No futuro, será o regresso, na companhia dos filhos, a quem quero transmitir este sentido de pertença. A uma família, a um local, a uma tradição que faz parte da identidade nacional.
Até sempre e até já, Porto.
Porto da minha alma.
24 junho 2007
De repente, uns fulanos que nunca antes viste estão à tua frente a entrevistar-te e têm na mão a possibilidade de te oferecer o emprego que mereces e que te esforças por alcançar.
Vês, nas anotações que o condutor da entrevista dispôs diante de si, que a última questão desta conversa é, simplesmente, "venda-se". Vá lá, o sujeito consegue colocar o desafio de forma mais cortês e dispara: "Neste momento, o que me preocupa é escolher a pessoa certa. Sabe, é que tivemos muitas respostas a este anúncio e eu preferia ter tido menos; é difícil escolher. Porque é que devemos escolhê-la a si?".
E o teu processador tem de funcionar a mil para não deixar sair de rajada tudo o que poderia ser dito neste momento: que a tua responsabilidade e o teu empenho são totais, que és honesta e pontual, que sabes estar e falar, que os resultados do teu trabalho nesta área têm comprovado a tua capacidade persuasiva, que estás cheia de vontade de te dedicares novamente a uma ocupação profissional, que vestes a camisola de quem te dá uma oportunidade, tal como promoves o espírito de equipa ou colocas questões quando as achas pertinentes, que mesmo nos momentos piores não desisites de virar o jogo em teu favor, que, que, que...
E, durante dias, toda tu és expectativa. Uma expectativa optimista, mas afastada da lembrança, para não tornar mais pesados os ponteiros do relógio, que se arrastam.
Quando, finalmente, sabes a arrasadora resposta, partes de novo para a incessante busca. E as sucessivas vagas de anúncios nos diversos meios vêm demonstrar-te que quase só há lugar para operadores de telemarketing/call-centers. Ah! E que convém que tenhas idade inferior a trinta.
Depois há aquelas ilusões, oásis enganaadores quando se sonha com algo que se quer muito. O ambiente é óptimo até à segunda ou terceira entrevista. Fazem-nos acreditar que encontrámos o lugar certo para trabalhar: instalações modernas e aprazíveis, gente simpática, pontual e cordial, instituição com solidez financeira e... uma remuneração muito inferior à que se auferia antes. Aliada a exigências de trabalho frequente tanto à noite como ao fim-de-semana.
É como se a vida se pudesse datar como AD e DD, antes do despedimento e depois do despedimento. Antes, quando nos sentimos estáveis e nos preparamos apenas para a subida das taxas de juro ou o crescimento da família. Depois, quando tudo se converte num buraco negro.
Primeiro, transmitem-te consideração e, mesmo, admiração pelo teu trabalho. Depois, o cepticismo, a dúvida em relação às tuaas capacidades. Agora cabe-te a ti comprovar que o teu despedimento foi um acto de pura arbitrariedade.
É como se uma pessoa, uma vez desempregada, perdesse o direito à credibilidade. Em alguns casos, até mesmo à dignidade.
Vês, nas anotações que o condutor da entrevista dispôs diante de si, que a última questão desta conversa é, simplesmente, "venda-se". Vá lá, o sujeito consegue colocar o desafio de forma mais cortês e dispara: "Neste momento, o que me preocupa é escolher a pessoa certa. Sabe, é que tivemos muitas respostas a este anúncio e eu preferia ter tido menos; é difícil escolher. Porque é que devemos escolhê-la a si?".
E o teu processador tem de funcionar a mil para não deixar sair de rajada tudo o que poderia ser dito neste momento: que a tua responsabilidade e o teu empenho são totais, que és honesta e pontual, que sabes estar e falar, que os resultados do teu trabalho nesta área têm comprovado a tua capacidade persuasiva, que estás cheia de vontade de te dedicares novamente a uma ocupação profissional, que vestes a camisola de quem te dá uma oportunidade, tal como promoves o espírito de equipa ou colocas questões quando as achas pertinentes, que mesmo nos momentos piores não desisites de virar o jogo em teu favor, que, que, que...
E, durante dias, toda tu és expectativa. Uma expectativa optimista, mas afastada da lembrança, para não tornar mais pesados os ponteiros do relógio, que se arrastam.
Quando, finalmente, sabes a arrasadora resposta, partes de novo para a incessante busca. E as sucessivas vagas de anúncios nos diversos meios vêm demonstrar-te que quase só há lugar para operadores de telemarketing/call-centers. Ah! E que convém que tenhas idade inferior a trinta.
Depois há aquelas ilusões, oásis enganaadores quando se sonha com algo que se quer muito. O ambiente é óptimo até à segunda ou terceira entrevista. Fazem-nos acreditar que encontrámos o lugar certo para trabalhar: instalações modernas e aprazíveis, gente simpática, pontual e cordial, instituição com solidez financeira e... uma remuneração muito inferior à que se auferia antes. Aliada a exigências de trabalho frequente tanto à noite como ao fim-de-semana.
É como se a vida se pudesse datar como AD e DD, antes do despedimento e depois do despedimento. Antes, quando nos sentimos estáveis e nos preparamos apenas para a subida das taxas de juro ou o crescimento da família. Depois, quando tudo se converte num buraco negro.
Primeiro, transmitem-te consideração e, mesmo, admiração pelo teu trabalho. Depois, o cepticismo, a dúvida em relação às tuaas capacidades. Agora cabe-te a ti comprovar que o teu despedimento foi um acto de pura arbitrariedade.
É como se uma pessoa, uma vez desempregada, perdesse o direito à credibilidade. Em alguns casos, até mesmo à dignidade.
18 junho 2007
Pai-herói
Numa das leituras nocturnas de histórias que antecedem o sono do meu filho, o facto de um ursinho do conto ficar preso debaixo do tronco tombado de uma árvore, suscitou-lhe a questão:
- Mãe, como é que o a árvore caiu?
- Provavelmente, a árvora já estaria fraquinha e, com uma rajada de vento forte, acabou por cair.
- Não, já sei: foi a raposa, que quando viu o ursinho ao pé da árvore, fez assim com as patas com muita, muita força (gesticula com os braços, no sentido de empurrar um tronco imaginário) e a árvore caiu.
- Mas as árvores não costumam cair com a força dos animais; às vezes, se já não estiverem muito saudáveis, pode ser um vento muito forte que as faz inclinar ou até cair...
- Ah, então foi o pai da raposa!
Moral da história: contentem-se e aproveitem, pais; não será para sempre que serão verdadeiros Hércules aos olhos dos vossos filhos.
- Mãe, como é que o a árvore caiu?
- Provavelmente, a árvora já estaria fraquinha e, com uma rajada de vento forte, acabou por cair.
- Não, já sei: foi a raposa, que quando viu o ursinho ao pé da árvore, fez assim com as patas com muita, muita força (gesticula com os braços, no sentido de empurrar um tronco imaginário) e a árvore caiu.
- Mas as árvores não costumam cair com a força dos animais; às vezes, se já não estiverem muito saudáveis, pode ser um vento muito forte que as faz inclinar ou até cair...
- Ah, então foi o pai da raposa!
Moral da história: contentem-se e aproveitem, pais; não será para sempre que serão verdadeiros Hércules aos olhos dos vossos filhos.
17 junho 2007
Vão a Porto Santo se precisam de umas férias bem descansadas.
Uma praia até onde a vista chega, com águas azuis mais claras ou mais escuras, consoante estejam elas mais próximas ou mais afastadas da areia onde os "stressados" carentes de sossego se deleitam com umas horas de Sol abraçador enquanto se dedicam a construções na areia, brincadeiras ou corridas com a petizada, ou à famigerada tarefa de pôr a leitura em dia (se é que alguma vez ela fica em dia...).
Vão a Porto Santo se querem reencontrar o tempo, respirar fundo e ter o prazer de ficarem especados a apreciar o convívio das crianças. E se não pretendem ser surpreendidos por grandes amplitudes térmicas, já que as noites nunca são muito inferiores aos dias, no que toca à temperatura.
Mas, se também gostam de fazer um programa mais "cultural" durante as férias, não esperem muito desta pequena ilha atlântica. Eu explico:
Tenho esta predilecção por férias à beira-mar, mas abrilhantadas por um programa cultural, por pequeno que seja. E o gosto parece ter já passado para o meu filho que, do alto dos seus quatro anos e meio, reivindicou, ao fim de alguns dias de grande folguedo infantil, o seu direito a conhecer a ilha. "Eu só estive cá quando era pequenino, por isso não sei como é a ilha"... e argumentos semelhantes.
Como o centro de Porto Santo não é propriamente vasto em pontos de interesse turístico, lembrei-me de levá-lo ao museu/casa Colombo, visto que ele tem demonstrado interesse por conhecer alguns museus que lhe tenho proposto. Assim, entusiasmado o miúdo e os pais com a ideia de ir ao museu dedicado ao navegador e, uma vez munidos dos respectivos ingressos, dirigimo-nos à entrada lateral, mais acessível por ter apenas dois degraus, já que connosco, como não podia deixar de ser, ia o mais novo membro da família, de apenas um ano. Que, por sinal, saboreava a sua sesta.
O inesperado acontece: somos informados de que o carrinho da bebé não pode entrar. Motivo: "pode marcar o chão". Pasme-se!
Porquanto apenas pessoas já com tamanho de gente e sem dificuldade de locomoção é que têm o direito à cultura nesta casa que pertenceu, segundo se diz, a um homem de vistas largas, Colombo. Espero que as vistas curtas que regem estes espaços não se lembrem de, um dia destes, mandar também a malta entrar descalça, sob o pretexto de que os sapatos podem sujar o museu...
Deixámos Porto Santo sem termos visitado aquele, já que o rapaz, imbuído do espírito de união familiar total, característico das férias, não quis entrar acompanhado apenas pela mãe. E, como entrávamos todos ou nenhum, fizemos uso do poder de reclamação, tendo devolvido os bilhetes e reembolsado os euritos...
Uma praia até onde a vista chega, com águas azuis mais claras ou mais escuras, consoante estejam elas mais próximas ou mais afastadas da areia onde os "stressados" carentes de sossego se deleitam com umas horas de Sol abraçador enquanto se dedicam a construções na areia, brincadeiras ou corridas com a petizada, ou à famigerada tarefa de pôr a leitura em dia (se é que alguma vez ela fica em dia...).
Vão a Porto Santo se querem reencontrar o tempo, respirar fundo e ter o prazer de ficarem especados a apreciar o convívio das crianças. E se não pretendem ser surpreendidos por grandes amplitudes térmicas, já que as noites nunca são muito inferiores aos dias, no que toca à temperatura.
Mas, se também gostam de fazer um programa mais "cultural" durante as férias, não esperem muito desta pequena ilha atlântica. Eu explico:
Tenho esta predilecção por férias à beira-mar, mas abrilhantadas por um programa cultural, por pequeno que seja. E o gosto parece ter já passado para o meu filho que, do alto dos seus quatro anos e meio, reivindicou, ao fim de alguns dias de grande folguedo infantil, o seu direito a conhecer a ilha. "Eu só estive cá quando era pequenino, por isso não sei como é a ilha"... e argumentos semelhantes.
Como o centro de Porto Santo não é propriamente vasto em pontos de interesse turístico, lembrei-me de levá-lo ao museu/casa Colombo, visto que ele tem demonstrado interesse por conhecer alguns museus que lhe tenho proposto. Assim, entusiasmado o miúdo e os pais com a ideia de ir ao museu dedicado ao navegador e, uma vez munidos dos respectivos ingressos, dirigimo-nos à entrada lateral, mais acessível por ter apenas dois degraus, já que connosco, como não podia deixar de ser, ia o mais novo membro da família, de apenas um ano. Que, por sinal, saboreava a sua sesta.
O inesperado acontece: somos informados de que o carrinho da bebé não pode entrar. Motivo: "pode marcar o chão". Pasme-se!
Porquanto apenas pessoas já com tamanho de gente e sem dificuldade de locomoção é que têm o direito à cultura nesta casa que pertenceu, segundo se diz, a um homem de vistas largas, Colombo. Espero que as vistas curtas que regem estes espaços não se lembrem de, um dia destes, mandar também a malta entrar descalça, sob o pretexto de que os sapatos podem sujar o museu...
Deixámos Porto Santo sem termos visitado aquele, já que o rapaz, imbuído do espírito de união familiar total, característico das férias, não quis entrar acompanhado apenas pela mãe. E, como entrávamos todos ou nenhum, fizemos uso do poder de reclamação, tendo devolvido os bilhetes e reembolsado os euritos...
07 junho 2007
Começaram as hostilidades
Ruído ensurdecedor, enorme confusão. Exausta, parece que vou ruir. Mas é só uma impressão minha...
Bang! Bang!
Estrépitos, seguidos de silvos. Guerras que vêm ao meu encontro, balas que me acertam em cheio.
Na cabeça, no coração.
Tombo, exangue.
(Não houve declaração de guerra, ninguém avisou ninguém do perigo, e da necessidade de usar colete à prova de bala, capacete...)
Bang! Bang!
Estrépitos, seguidos de silvos. Guerras que vêm ao meu encontro, balas que me acertam em cheio.
Na cabeça, no coração.
Tombo, exangue.
(Não houve declaração de guerra, ninguém avisou ninguém do perigo, e da necessidade de usar colete à prova de bala, capacete...)
A filha, de uns quatro-cinco anos, para a mãe:
- Gosto destes sapatos. Deixa ver se salto bem com eles.
Ensaia uns pulinhos dentro da sapataria e admite:
- Oh, não consigo saltar muito, à mesma...
A mãe, dos seus trinta e muitos (se calhar menos, mas aparentando estes), anda como quem se arrasta, ao mesmo tempo que lança "facas" à miúda:
- Pois, se não comesses tanto talvez conseguisses saltar mais, não é filha? Só comes, só comes...
Será que na hora de assumir realmente o papel de mãe esta senhora "bloqueou"? Será que, apresentando ela própria uma redondez exagerada, se lembrará da sopa e da fruta, ou só dos fritos e da fast food? Os vegetais não serão substituidos naquela casa pelas guloseimas? E pertencerão ao número exorbitante de famílias que trocam um passeio ao parque ou à beira-mar por tardes repetidas em frente ao televisor?
Ainda eu às vezes penso se não poderia ser uma melhor mãe...!
Um conselho a esta senhora (e a outras como ela): a "profissão" mais exigente, e também a mais compensadora, é a de mãe. Tire uns minutinhos por dia para "pensar pela cabeça dos seus filhos", que é como quem diz: encarar as situações pelo prisma deles. Tente desmistificar tabús, desmascarar medos, desfazer mal-entendidos, explicar as coisas de forma simples, incutir auto-confiança, ajudá-los numa tarefa, demonstrar-lhes como se resolve determinado problema, brinque um bocadinho, leia uma história (ou invente-a), incuta-lhes gostos, nomeadamente pelas actividades ao ar livre, e sentido crítico. Cuide da saúde deles e, sobretudo, demonstre-lhes até à exaustão que gostará sempre deles, mais ou menos saltitões, mais ou menos isto ou aquilo.
Não que eu seja a melhor mãe do mundo, mas há coisas simples que não exigem grandes conhecimentos de psicologia e que podem melhorar substancialmente o futuro dos nossos miúdos.
- Gosto destes sapatos. Deixa ver se salto bem com eles.
Ensaia uns pulinhos dentro da sapataria e admite:
- Oh, não consigo saltar muito, à mesma...
A mãe, dos seus trinta e muitos (se calhar menos, mas aparentando estes), anda como quem se arrasta, ao mesmo tempo que lança "facas" à miúda:
- Pois, se não comesses tanto talvez conseguisses saltar mais, não é filha? Só comes, só comes...
Será que na hora de assumir realmente o papel de mãe esta senhora "bloqueou"? Será que, apresentando ela própria uma redondez exagerada, se lembrará da sopa e da fruta, ou só dos fritos e da fast food? Os vegetais não serão substituidos naquela casa pelas guloseimas? E pertencerão ao número exorbitante de famílias que trocam um passeio ao parque ou à beira-mar por tardes repetidas em frente ao televisor?
Ainda eu às vezes penso se não poderia ser uma melhor mãe...!
Um conselho a esta senhora (e a outras como ela): a "profissão" mais exigente, e também a mais compensadora, é a de mãe. Tire uns minutinhos por dia para "pensar pela cabeça dos seus filhos", que é como quem diz: encarar as situações pelo prisma deles. Tente desmistificar tabús, desmascarar medos, desfazer mal-entendidos, explicar as coisas de forma simples, incutir auto-confiança, ajudá-los numa tarefa, demonstrar-lhes como se resolve determinado problema, brinque um bocadinho, leia uma história (ou invente-a), incuta-lhes gostos, nomeadamente pelas actividades ao ar livre, e sentido crítico. Cuide da saúde deles e, sobretudo, demonstre-lhes até à exaustão que gostará sempre deles, mais ou menos saltitões, mais ou menos isto ou aquilo.
Não que eu seja a melhor mãe do mundo, mas há coisas simples que não exigem grandes conhecimentos de psicologia e que podem melhorar substancialmente o futuro dos nossos miúdos.
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