(foto da minha amiga "siamesa"; ela sabe quem é...)
A manta de Outono feita de folhas convidou-as. Aceitaram o convite e atiraram-se sobre o tapete relvado, pontuado destas folhas que ambas adoravam. As siamesas, não nascidas juntas mas unidas pelo coração, so to speack. Mulheres de emoções, todas viradas para o pormenor, seja ele um arco-íris, um sorriso, uma mão de criança, uma pintura dum filho. Os abraços acumulados já exigiam braços de polvo, os quatro das duas já não chegavam.
Ficaram deitadas, lado-a-lado, olhando para o céu, apreciando o céu azul, manchado de branco, enquanto os dedos de conversa transcorriam, soltos e cúmplices. Passaram horas, o cheiro a terra envolvendo-as num cenário que parecia durar apenas alguns minutos, porque a amizade pede tempo e a confiança apazigua a alma.
Os passos, mais ou menos apressados de quem ia e vinha, os risos dos adolescentes, os chutos na bola dos miúdos que brincavam, a delicadeza do toque suave dum casal de idade, tudo era apenas moldura. Parecia um filme. Um momento perfeito, único. A comprovar a importância da proximidade, ainda que à distância.